Anos 80

A Década Perdida

O Cinema Brasileiro

Pois é... O que dizer do cinema brasileiro na década de 80? A coisa foi feia. Alguns poderiam alegar que tivemos o nosso momento de glória no Oscar com O Beijo da Mulher-Aranha (1985), dirigido pelo chato, muito chato Hector Babenco. Na realidade o filme acabou dando a William Hurt a estatueta de melhor ator naquele ano mas, sinceramente, isso não quer dizer muita coisa. Afinal, para quem não se lembra o romantismo xarope de Entre Dois Amores foi o grande vencedor daquela noite.

Para os que continuaram tentando produzir filmes no Brasil a tarefa foi para lá de ingrata. Teve Gaijin - Caminhos da Liberdade (1980), de Tizuka Yamasaki que quase chegou lá. Curiosamente, por alguns anos o melhor diretor brasileiro era uma mulher. Como foi característico da década Tizuka terminou de forma decadente dirigindo filmes dos Trapalhões.

A turma de Renato Aragão também foi destruída pela década. Se, em 1980, eles lançaram uma simpática paródia ao clássico de Alexandre Dumas, chamada Os Três Mosquiteiros, no final da década, em1989, eles estavam fazendo filmes caça-níqueis do tipo Os Trapalhões na Terra dos Monstros, com uma ainda insossa Angélica.

Os Trapalhões nos bons tempos...

Vale lembrar que durante a década os Trapalhões encenaram uma separação e acabaram realizando filmes separados. O de Renato Aragão era uma babaquice mal-costurada que se passava no Pantanal e despediçava a musa Nádia Lippi. Já o resto do grupo criou uma produtora, a DeMuza, e realizou, por incrível que pareça, um filme realmente engraçado chamado Atrapalhando a Swat.

Talvez o único cineasta brasileiro a atravessar a década de maneira impune, sempre mostrando a que veio e conseguindo realizar trabalhos coerentes foi Water Hugo Khouri. Ele sempre foi o campeão da putaria-light. Com o objetivo de validar as clássicas cenas daquilo que o povo gosta, daquilo que o povo quer, o Khouri aproveitava para se utilizar de uma psicologia de botequim que sabiamente diz: quando uma mulher quer dar ela dá o que tem para dar...

Khouri entrou para a antologia do cinema brasileiro ao dirigir Amor Estranho Amor (1982) onde mostrava a boa e velha Xuxa. Sim, a Xuxa que era do povo e saia em revistas masculinas mostrando que tinha farinha no saco. Depois ela assumiria o seu caso Marlene Mattos e se tornaria uma lésbica-frígida. De qualquer forma, no filme de Walter Hugo Khouri ela acabava seduzindo um garotinho e mostrando por que era a rainha dos baixinhos.

Como se isso não fosse suficiente Khouri ainda realizou Eu (1987) que mostrava a musa Monique Evans na melhor forma. O filme que, para variar, contava as aventuras amorosas de Marcelo - uma espécie de alter-ego do diretor - e tinha, até mesmo, um incesto totalmente descontraído. Quer dizer... se realmente o que está na tela for uma autobiografia de Khouri esse homem é o filho do finado comedor.

E o Arnaldo Jabor? Ele não dirigiu Eu te Amo (1981) com a musa aspiradora Vera Fischer? Não foi graças a Eu Sei Que Vou Te Amar que a Fernanda Torres ganhou a palma de ouro de melhor atriz em Cannes? Pode ser. Mas nós não vamos perder tempo em uma retrospectiva falando desse sujeito. De chato já basta a transmissão do Oscar...

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