Anos 80

A Década Perdida

O Cinema no resto do MUNDO

Na década de 80, para enfrentar a crise que atingia - e ainda atinge - a indústria do cinema, surgem as grandes corporações cinematográficas. Em 1981, a United Artists é incorporada a MGM, enquanto a Columbia é adquirida pela Coca-Cola Company. Surge então a CIC que nada mais é do que a união entre Columbia e Metro. Mais adiante aparece a UIP (United International Pictures). Ou seja, é pouca gente mandando em muita.

Mas o que importa mesmo são os filmes. Em 1982 muita gente chorou com ET - O Extraterrestre, de Steven Spielberg. Nesse mesmo ano a Disney pagou um mico lançando Tron - Uma Odisséia Eletrônica. O filme era o primeiro a ter seqüências inteiras em computação gráfica. O resultado hoje soa absolutamente pífio.

Outro grande nome da década de 80 foi uma espécie de pupilo de Spielberg: Robert Zemeckis, o diretor do clássico De Volta para o Futuro (1985). Zemeckis copiou tanto (alguém se lembra do plágio Tudo por uma Esmeralda?) o mestre que acabou se tornando melhor que o original. Atualmente continua um cineasta interessante (basta ver Forrest Gump, Apollo 13 e Contato para confirmar isso) ao contrário de Spielberg que se afundou em um pieguismo mongolóide.

Outro discípulo de Spielberg, Joe Dante, também teve o seu momento de glória na década de 80. Ele dirigiu em 1988 o sucesso Gremlins (aquele filme com os bichinhos do mal) que teve, em 1990, uma continuação - muito melhor que o original - e foi dirigida pelo mesmo Joe Dante.

Certamente o prêmio de comédia da década fica com Os Caçafantasmas (1984), de Ivan Reitman. Clonando com a maior cara-de pau um desenho de Walt Disney o fato é que o filme foi um sucesso de bilheteria, gerou uma continuação e um game que fez muito sucesso na época.

O plágio de Walt Disney deu certo em Caça - Fantasmas

No lado oposto, o troféu violência-pouca-é-bobagem vai para o holandês Paul Verhoven que dirigiu o excelente Conquista Sangrenta (1985) uma sanguinolenta visão da Idade Média. Entretanto, Verhoven atingiu o sucesso em seu primeiro filme em Hollywood, chamado Robocop - Um Policial do Futuro (1987) um verdadeiro clássico no gênero.

Paul Verhoven passou a década inteira fazendo um filme legal atrás do outro. Infelizmente também foi vítima da maldição dos 90 e acabou dirigindo bombas como Showgirls. Embora não se possa negar que esse é realmente um filme do povo e feito para o povo...

A violência também comeu frouxo em O Exterminador do Futuro (1984) do agora oscarizado James "Titanic" Cameron. O filme é excelente e além de um roteiro inteligente ainda possui a melhor interpretação de Arnold Schwarzenneger no papel de porta, digo, de um andróide assassino. Cameron ainda fez Aliens - O Resgate (1986), uma seqüencia razoável do filme original, transformando a tenente Ripley em um Rambo de saias.

O britânico Alan Parker também fez bonito na década de 80. Começou com o pé-direito no musical Fama (1980) seguiu em frente no belo Asas da Liberdade (1984) e terminou concorrendo ao Oscar por Mississipi em Chamas (1988). Não ganhou nada até agora e continua sendo uns dos cineastas mais injustiçados da atualidade.

Os anos 80 também tiveram O Touro Indomável, com a clássica parceria Scorcese/De Niro. O filme, todo em preto e branco, é muito bom. Curiosamente foi eleito pelos críticos americanos como o melhor filme da década de 80. Scorsese ganharia a palma de ouro em Cannes por Depois de Horas (1985) um filme legal-mas-nem-tanto. No fim das contas, Os Bons Companheiros (1990), é - excetuando-se Taxi Driver - o melhor filme do diretor. Além disso, ratificou a sua posição como cineasta número 1 da máfia americana.

Woody Allen resolveu parar de copiar Bergman (alguém se lembra do entediante Setembro?) e se tornar o nostálgico de plantão dos anos 80. O resultado foram filmes inesquecíveis como A Rosa Púrpura do Cairo (1985), Hannah e suas Irmãs (1986) e o maravilhoso A Era do Rádio (1987). Na década seguinte Allen continuaria fazendo filmes alegres e divertidos. Mas também depois de se separar da Mia Farrow quem não faria?

David Lynch apareceu para o mundo com os famosos 5 minutos iniciais de Veludo Azul (1986) com a clássica cena da orelha cortada cheia de formigas no meio da grama. O chato é que o resto do filme é plenamente dispensável. Mesmo assim, muito moderninho de plantão acreditou que Lynch era o mais novo gênio do cinema. O tempo só veio provar o contrário.

Ridley Scott lançou em 1982 o cult da década, Blade Runner - O Caçador de Andróides. Um filme estranho, com várias cenas sem pé nem cabeça, mas com uma atmosfera única. Um final para lá de inconcebível, praticamente negando tudo o que já se tinha assistido (e como você sabe com um lindo céu azul roubado de O Iluminado).

Muito tempo depois soube-se que os produtores haviam mexido na obra de Scott. De certas forma, eles tentaram tornar a história mais clara, mais linear e só conseguiram causar mais confusão. O diretor não se deu por vencido e, devido ao sucesso do filme, pode apresentar - muito tempo depois - o que seria a sua versão. Os fãs do filme correram para rever Blade Runner e... surpresa! A versão anterior era muito melhor!! Tal fato só depõe contra o talento de Ridley Scott e, sinceramente, para quem tem dirigido coisas com Tormenta e G.I. Jane a desconfiança é válida.

Quanto aos menos favorecidos por orçamentos Sexo, Mentiras e Videotape (1989) deu um grande impulso ao cinema independente norte-americano. O filme foi palma de ouro em Cannes - o que já era um mau-indício - e não mostrou realmente a que veio. Na verdade, filme não tem sexo, tem mentiras em profusão e o video-tape talvez seja a única coisa que justifique a palma de ouro.

Também na década de 80 como uma espécie de sacanagem pós guerra-fria, vários filmes de cineastas russos começaram a chegar ao Brasil. Coisas como O Sacrifício (1986), de Andrei Tarkóvski - sacríficio é chegar no final dessa merda!! - e A Pequena Vera (1988) de Vassili Pichul.

A França, país que já teve um cinema nacional de alta qualidade, vive em uma eterna ressaca da Nouvelle Vague. Nos anos 80 as mesmas cenas arrastadas, o mesmo palavreado dispersivo e inútil continuaram enchendo o saco dos cinéfilos. O melhor francês da década foi Louis Malle em Adeus Meninos, de 1987. Para não o confundirem com alguém inteligente, Malle rapidamente filmou a bomba Perdas e Danos, com Juliette Binoche, e voltou a fazer as mesmas obras medíocres de sempre.

Claro que o impagável Jean- Luc Godard, o mala-mor do cinema francês, continuou fazendo um filme mais chato do que o outro. É de se pensar como é que ainda dão dinheiro para um incompetente desse quilate fazer filmes. De qualquer maneira, Godard deixou Je Vous Salue Marie, que chegou a ser censurado (no governo Sarney a pedido da Igreja) e Prenome Carmem, de 1983, onde aproveita para fazer o que mais sabe, ou seja, falar de si mesmo.

Na seção malucos da Europa ainda podem ser incluídos Luc Besson com Imensidão Azul (1987), filme extremamente relevante para mergulhadores e um tédio sem fim para o público em geral. Jean Jaques Beniex com a boa, muito boa Betty Blue, aliás seu único filme legal. Um que visto hoje em dia é uma grande decepção, mas na época foi um cult por causa da musa Béatrice Dale.

Há também espaço para o patético Peter Greenaway com Afogando em Números (1988) que é, por incrível que pareça, um bom filme. Na maioria das vezes, os defensores do estilo peculiar de filmar do cineasta inglês afirmam que cada cena de Greenaway é como se fosse um quadro. Vale dizer que quem gosta de ver quadros que vá a um museu ou alugue um documentário, cinema é outra coisa completamente diferente.

Retornando à década de 80, enquanto alguns como Giuseppe Tornatore acertavam na mosca com Cinema Paradiso (1988), outros como Akira Kurosawa com Ran (1985) e Frederico Fellini com Ginger & Fred (1985) mostravam nítidos sinais de cansaço.

Dos novos valores, Emil Kustusrica em Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios (1985) e Pedro Almodóvar com Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988) merecem um justo destaque. Como foi característico dessa década acabaram se transformando de promessas em decepção.

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