Silas trouxe de volta o sofrimento gremista
Claro a tacanha mídia esportiva gaúcha acreditar ser muito cedo para dar um opinião definitiva sobre o trabalho do técnico Silas. Bem, a ZeroZen pensa ao contrário. Aliás, se tem uma coisa que esta impoluta publicação digital sabe fazer é justamente pensar o contrário. De qualquer maneira, Silas tem um mérito: ele trouxe de volta o sofrimento gremista. Pena que fez só isso e mais nada.
Para quem não está acostumado com as peculiaridades do futebol gaúcho vale um aviso: o sofrimento é parte integrante do Grêmio. A torcida tricolor é sempre muito jovem por um motivo simples. Dificilmente, um torcedor chega aos 40 anos sem um ataque cardíaco e umas três ou quatro pontes de safena. Como diria aquele filósofo da pós-modernidade, Galvão Bueno: "haja, coração!".
Antes que um colorado afoito saia tocando flauta na ZeroZen cabe uma ressalva. O Grêmio tem uma tradição de vitórias sofridas. Seu títulos são conquistados em façanhas hercúleas. Tudo feito na base da raça e da superação. É exatamente este fato que o torna infinitamente superior ao seu rival. Na maioria das vezes o Inter é apenas sorumbático, taciturno e banal. Exatamente como o atual time comandado pelo técnico Jorge Fossati que já está na fossa, pois sabe que não tem chance de ganhar a Libertadores.
Tudo bem, tudo certo. Mas e o Silas, perguntará o angustiado leitor da ZeroZen, é um bom técnico? A resposta é sim e não. Silas trouxe de volta a capacidade de reação. O time mostrou que tem condições de reverter um resultado adverso. Algo bem diferente do que se viu na modorrenta era Paulo Autuori.
O problema do técnico Silas é que a defesa gremista está vazando por todos os lados. É preciso respeitar as tradições tricolores. Este é um time que nasceu para jogar na retranca. Por isso, chega de contratar atacantes. O Grêmio precisa é de um zagueiro feroz, um xerife, um destruidor de tornozelos, um assassino de meniscos...
Quanto ao jogo entre Grêmio e Veranópolis pouco há para se dizer. A equipe visitante fez um gol na sua primeira jogada. Aos 8min, houve um longo lançamento, a zaga do Grêmio vacilou pela enésima vez e João Paulo tocou na saída do goleiro Victor.
A partir daí o time comandado pelo técnico Silas perdeu 14.630 chances de gol. No contra-ataque, o Veranópolis levou perigo. Só não ampliou por que o goleiro Victor estava inspirado. Em busca do empate, o Grêmio foi ao ataque, mas encontrava dificuldades em virtude da forte marcação do Veranópolis. O time visitante, por sua vez, tentava usar o contra-ataque e chegou a exigir duas boas defesas de Victor.
No segundo tempo, o Veranópolis começou melhor. O Grêmio, porém, recuperou o controle da partida e, aos 19min, Jonas fez boa jogada, driblou o zagueiro e empatou a partida. Pergunta: de que adianta contratar Hugo e Borges se é o Jonas quem faz os gols...
Sim, Silas trouxe de volta o sofrimento gremista. Mas não trouxe o bom futebol e muito menos a tão sonhada retranca. Até agora o tricolor sofreu gols em todas as partidas e isso não é o que a torcida espera. Nas arquibancas há um longo e incontrolável suspiro: é a nostalgia do 1 a 0...
