Violência contra as crianças: Grêmio surra os meninos da Vila

É fato. Desde a sua fundação o Estádio Olímpico separa os homens dos meninos. Essa foi a dura lição aprendida pelo Santos. Os meninos da vila chegaram cheios de marra e firulas, pensando nas coreografias a serem feitas depois de cada gol. Bem, quem dançou feio foi a equipe de Robinho, Ganso e companhia. Perderam para o Grêmio por 4 X 3 na primeira partida da semifinal da Copa do Brasil, mas poderiam ter levado uma goleada histórica.

O jogo foi inacreditável, eletrizante, antológico (acrescente aqui seu adjetivo preferido). Como sói acontecer nestes casos há muita coisa a ser dita sobre a partida. Mas vamos começar analisando os goleiros. Primeiro, Victor. O goleiro gremista, como se sabe, não disputará a Copa do Mundo. Foi eliminado pelo técnico Dunga. Em sua entrevista coletiva após saber do fato Victor parecia um zumbi. Estava taciturno, cogitabundo, com o olhar fitando o vazio.

E ficou evidente que o goleiro gremista estava perturbado emocionalmente. Teve uma atuação muito ruim, muito abaixo do que se espera de um jogador de seleção. Já Felipe, o goleiro do Santos, simplesmente enlouqueceu. O seu primeiro tempo foi inacreditável. O Grêmio deveria ter terminado a etapa inicial com uma goleada histórica. Mas Felipe fez três defesa impossíveis e ainda pegou um pênalti! Pô! Assim, quem merecia ir para Copa era ele! E ainda botava o Júlio Cesar no banco.

Mesmo com tanta superioridade gremista, o primeiro tempo terminou, pasmem, 2 a 0 para o Santos. Um resultado absurdamente injusto e beirando o inconcebível. Claro, novamente Silas ignorou os desígnios de Deus e O fez o Grêmio começar a partida com três zagueiros, e Hugo na ala esquerda. É realmente demais. O Todo Poderoso resolveu punir o técnico por esta afronta ao bom senso

O Santos abriu o placar aos 15min, após cobrança de escanteio de Marquinhos. Victor não saiu do gol e André apareceu sozinho na segunda trave para cabecear para as redes. Aos 20 minutos, Paulo Henrique Ganso, um dos destaques do time paulista, fez um passe na medida para André. Frente a frente com o goleiro, o centroavante santista tocou com categoria para fazer 2 a 0. Em tempo, Ganso seria craque senão fosse tão displicente.

Com a vantagem santista, o técnico Silas foi abençoado por uma inspiração divina e fez um esquema tático simples e lógico, movendo Edílson para a lateral esquerda, liberando Mário Fernandes na direita e devolvendo Hugo ao meio de campo. Pronto. Era o bom e velho 4-4-2. Daí para frente foi um banho de bola assustador. Só deu Grêmio. E só deu Felipe...

Veio o final da primeira etapa o placar era cruel 2 a 0 para o Santos. Qualquer outra equipe teria desistido, teria abaixado a cabeça e esperado o apito final do juiz. Mas o Grêmio é o Grêmio. Não se ganha o título de imortal à toa.

No começo do segundo tempo, o time do Santos estava faceiro e pimpão. Seus jogadores sorridentes estavam pensando nas entrevistas após o jogo. Enfim, mostraram o comportamento típico de um bando de fanfarrões. Melhor para o Grêmio. Aos 12min, Douglas dominou na área e Edu Dracena tentou desarmar o meia, mas acabou dando uma "assistência" para Borges, que fuzilou Felipe na pequena área e diminuiu.

O gol animou a torcida e o time. Aos 18 minutos, Rodrigo Mancha (por favor, escalem ele na Vila Belmiro!) perdeu a bola na intermediária defensiva, Douglas acionou Jonas na direita e o atacante cruzou para Borges, sempre oportunista, igualar o placar. O técnico Dorival Júnior reagiu ao empate de forma enlouquecida. Tirou Rodrigo Mancha, que tinha entrado no jogo há apenas 9 minutos. Depois de sair, o volante, muito irritado, esmurrou o banco de reservas.

De nada adiantou o desespero santista, aos 21min, Jonas soltou um foguete de fora da área, sem chances para Felipe. Um golaço. O goleiro santista deve ter esgotado toda a sua cota de milagres na etapa inicial da partida. Só que o Grêmio queria mais, Borges voltou a balançar as redes aos 31min. O centroavante recebeu passe de Jonas em posição legal, saiu frente a frente com Felipe e bateu com estilo no canto do goleiro para fazer 4 a 2.

Com 4 a 2, o Santos estava morto e enterrado. A partida na Vila Belmiro seria só para cumprir tabela, mas nada é fácil na vida do Grêmio. Aos 38min, Ganso deu outro passe espetacular, desta vez para Robinho. O atacante matou no peito e sem chances para Victor.

O que vai acontecer na partida de volta? É difícil arriscar qualquer palpite. Seria maravilhoso ver o Grêmio se classificando com um glorioso 0 a 0. Mas ambas as equipes devem jogar de forma aberta, buscando o gol. Quem sabe um 5 X 4 ou um 6 X 5? Como diria um ceguinho esperançoso, veremos...

Jarbas Schier