Os deuses do futebol vestiram laranja?

Verdade seja dita: a Holanda é um time chato. Mas muito chato mesmo. Toca a bola com qualidade, marca bem e conta com uma sorte incrível. Tem pouco chances de gol por jogo, porém consegue aproveitar quase todas. E ainda conta quase sempre com uma ajuda da arbitragem. Desse jeito foi fácil vencer o Uruguai por 3 a 2 e marcar sua presença na final da Copa do Mundo depois de 32 anos de ausência plenamente justificada.

A Holanda, única seleção com 100% de aproveitamento, alimenta o sonho de uma conquista inédita. Mas não foi tão fácil assim passar pelo Uruguai. A celeste veio com 3 volantes, mas marcando a Holanda no campo do adversário. Robben e Sneijder pouco apareceram. Porém, a Holanda tem a sorte dos predestinados. Van Bronckhorst pegou a bola livre. Estava longe demais para chutar no gol. Mesmo assim resolveu arriscar. A bola foi retílinea no ângulo esquerdo do goleiro Muslera. Um golaço.

Com a vantagem no placar, a Holanda tomou conta da partida. Todavia, o Uruguai não se entregou, seguiu peleando com bravura. Deu resultado. Aos 40 minutos, Forlán - sempre ele - bateu de esquerda de fora da área, a jabulani fez uma curva esquisita e enganou o goleiro holandês. Era o gol de empate.

Na etapa complementar, depois de tomar um chimarrão no vestiário, o Uruguai voltou muito melhor. E passou a pressionar a Holanda. Mas parece que os deuses do futebol vestiram laranja. Por que, aos 24 minutos, a seleção voltou a liderar. Sneijder arriscou o chute, a bola saiu fraca, mas desviou na zaga. O problema é que Van Persie - completamente impedido - passou o pé por cima da jabulani e atrapalhou o goleiro Muslera. Com isso, a bola entrou no canto esquerdo.

O Uruguai sentiu o golpe. Enquanto a comissão técnica abria um pote de dulce de leche para dar ânimo aos jogadores, a Holanda fez mais um. Depois de dois gols praticamente acidentais, a seleção holandesa fez uma bela jogada. Aos 27 minutos, Kuyt cruzou, Robben sobiu antes de Godín e cabeceou com categoria no canto direito.

Mesmo com um placar tão adverso, o Uruguai não desistiu. Na base da raça e superação, marcou o seu segundo gol aos 46 minutos. Na cobrança de falta a bola foi rolada para Maxi Pereira que chutou forte de fora da área.

Então foi um sufoco só para a Holanda. O juiz deu mais três minutos de acréscimo e a laranja mecânica foi esmagada, trucidada. Pena que a bola não entrou. E a Holanda festejou muito a vitória, ainda em campo, após o apito final. Agora, a Copa dos sul-americanos terá uma final europeia. De qualquer forma não custa avisar: cuidado com a Alemanha.

Jarbas Schier