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Cineasta Brasileiro - Módulo Gláuber Rocha

O cinema nacional nunca esteve tanto tempo nas manchetes como atualmente. Seja com o insuperável Guilherme Fontes que desviou boa parte do dinheiro público investido em seu filme "Chatô - o Rei do Brasil" para os mais necessitados, ou seja, ele mesmo. Ou a incrível Norma Benguel, que emitiu notas frias do fracasso "O Guarani" só para comprar uma cobertura na Vieira Souto. Quer dizer, ser cineasta no Brasil é uma maneira fácil de ficar rico rapidamente. Entretanto, entrar nesta panelinha de achacadores do patrimônio público é mais difícil do que parece. Pensando nisso a Zerozen preparou algumas dicas, para você que dentro em breve possa estar marcando presença nos jornais (nas páginas policiais evidentemente) e consiga o apartamento dos seus sonhos, tudo por conta do governo.

 1 - Seja fã de Gláuber Rocha. Detalhe NÃO é preciso assistir a nenhum filme que ele fez. É até melhor que você não assita mesmo. Apenas seja fã e pronto.

2 - Faça filmes incompreensíveis. Esqueça que existe uma história.

3 - No caso de você insistir em narrar uma história, nunca conte uma que tenha início meio e fim. O público brasileiro é incrivelmente inteligente e adora filmes herméticos.

4 - Bote o maior número de pessoas falando alto sem parar ao mesmo tempo.

5 - Observação importante: mesmo que existam 15 pessoas falando, os diálogos nunca podem fazer sentido.

6 - Coloque cenas de sexo gratuitas, de preferência no início do filme para as pessoas não dormirem.

7 - Contrate algumas prostitutas, digo, atrizes da Globo e exija uma cena de nudez frontal seguida de sexo oral e anal. Tudo pela arte, é claro. Não se esqueça de ter um caso com a atriz principal do filme.

8 - Obrigue seus personagens a falar palavrão. Detalhe: TODO mundo no filme deve falar palavrão do patrão à empregada.

9 - Depois dos 15 minutos iniciais coloque alguém correndo de um lado para o outro da tela berrando sem parar. Isso evita que as pessoas durmam no filme.

10 - Diga a todos os entrevistadores que você é um gênio. Que o objetivo de seus filmes é provocar alguma reação nas pessoas. Que se o público não entendeu nada, quem é burro é o público e não você.

P.S. - Não se esqueça, logicamente, de falar mal do cinema americano e pedir uma reserva de mercado para o cinema nacional. Quanto mais verba o governo deixar para os nossos pobres cineastas, melhor.