Diário do Fim do Mundo


19/10/2001 - O Brasil e o Terrorismo

Nos últimos dias o Brasil registrou, de maneira supreendente, o envio de cartas que poderiam conter a bactéria antraz. Sim, pela primeira vez o país se sentiu ameaçado pelo terrorismo. Até então, longe do cenário da guerra, a terra brasilis era um paraíso tropical. Como diria uma música do Premeditando o Breque: aqui não tem terremoto/aqui não tem revolução/é um país abençoado/onde todo mundo mete a mão.

Mesmo assim a população brasileira não tem nada o que temer. O governo FHC vem secretamente realizando inúmeras ações anti-terrorismo. A nossa segurança está totalmente garantida. Inclusive, as operações atingiram um índice de perfeição tão grande que se o mundo acabar, o Brasil só vai ficar sabendo na semana seguinte.

Osama Bin Laden e a sua turma não poderiam fazer nada contra o Brasil. Para começar não temos um prédio tão alto como o World Trade Center ou uma cidade tão cosmopolita como Nova Iorque. Às 8h45min, horário do primeiro atentado, o brasileiro está recém acordando, com uma tremenda ressaca da festa do dia anterior. Com certeza ninguém está trabalhando.

Um ataque à Bolsa de Valores de São Paulo seria impossível, por que um caminhão bomba ficaria preso no engarrafamento na Marginal do Tietê, sem falar que não iria encontrar o caminho certo devido à poluição. Mais ainda a caótica sinalização do trânsito e as dicas erradas que o brasileiro adorar dar para os gringos só de sacanagem acabariam inviabilizando qualquer ação nesse sentido.

Mesmo considerando a hipótese remota que algum terrorista conseguisse realizar um atentado a um prédio, uma repartição púbica por exemplo, não haveria o risco de bombeiros morrerem tentando salvar vítimas. Primeiro, o pessoal da corporação ia achar que era trote. Depois ia levar mais ou menos uma hora para chegar no local do atentado. Com os equipamentos sucateados ninguém ia se arriscar a entrar no prédio em chamas. Logo, nenhum bombeiro morreria.

Para realizar uma operação igual a que aconteceu nos Estados Unidos os terroristas teriam de morar, pelo menos, um ano no Brasil. Muito provavelmente gastando dinheiro como eles fizeram nos Estados Unidos seriam assaltados várias vezes ou vítimas de um seqüestro relâmpago. Para piorar as coisas seriam obrigados a enfrentar uma burocracia gigantesca para conseguir um brevê de piloto. E, é claro, no meio de tudo isso passariam um carnaval. Depois de um baile no Rio de Janeiro, onde a lei é sexo, drogas e músicas de 1940, a maioria dos terroristas desertaria.

Além disso, o Brasil tem uma grande vantagem baseada na sua posição geográfica. Quer dizer ninguém tem a menor idéia de onde fica o Brasil. Somos o país do futebol, nosso presidente é o Pelé e, o mais importante, nossa capital é Buenos Aires. Um exemplo perfeito de contra-informação. Provavelmente, a Argentina, para a felicidade do Maradona vai virar pó, mas ninguém no Brasil vai ficar muito triste.

Por isso não há o que temer o Brasil é um país preparado para a Guerra contra o Terror. A espetacular desorganização do país consegue esculhambar com com qualquer atentado terrorista. Osama aqui não tem vez.

Da equipe de articulistas

P.S. - Se um avião fosse mesmo seqüestrado no Brasil por terroristas os reféns tentariam ligar para a sua família, mas o celular estaria fora da área de cobertura. Mais ainda: ao contrário dos americanos que telefonaram para se despedir de seus parentes, os brasileiros diriam algo como:
– Mulher, o nosso avião foi seqüestrado. Avisa todo mundo, porque eu acho que a gente vai aparecer na televisão!!!

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