Especial: O final de Lost

mbora possa ser difícil de acreditar, a ZeroZen ficou feliz com o final de Lost. Sim, por que finalmente essa enrolação acabou. Chega. É hora da humanidade voltar a perder tempo com coisas realmente importantes como a escalação da seleção brasileira ou powerpoints da sobre como era bom viver na década de 80.

Antes de mais nada, esse especial da ZeroZen está repleto de spoilers. Mas, pensando bem, se você não viu Lost, por que estaria lendo esse texto? Para entender o que foi a série, esta impoluta revista digital preparou um resumo —bem rasteiro, feito só para irritar os fãs— de todas as temporadas:

Lost: Temporadas
1ª Temporada: O primeiro episódio impressiona. Há um acidente de avião e um estranho grupo de pessoas vai parar em uma ilha mais estranha ainda. Através de flashbacks o público passa a conhecer mais a respeito dos sobreviventes. Todos - sem exceção - são derrotados e perdedores. São pessoas amarguradas e sofredoras cheia de raiva no coração. E sem nenhum espírito ecológico. Para azar de quem gosta de ursos-polares...

2ª Temporada: A ilha passa a ser o grande personagem do seriado. Ela possui propriedades especiais. Isto levou uma organização chamada Iniciativa DHARMA a tentar explorar o local. Ou seja, já existia gente na ilha antes da chegada dos sobreviventes do voo 815 da Oceanic Air. Como sempre acontece em Lost, perguntas sempre levam a mais perguntas. E ninguém parece ser capaz de dar uma explicação simples e direta. A série acabou e não houve um panorama satisfatório sobre a DHARMA.

Quer dizer, o público sabe que a organização conseguiu localizar a ilha (isso não necessariamente é uma tarefa fácil). Também ficou claro que eles se instalaram e começaram a fazer vários testes. Só que deu tudo errado e muita gente morreu.

Mas e o resto? Cadê o pessoal da DHARMA? Será que eles faliram com a crise financeira? Foram vítimas do crack na bolsa? O simplesmente desistiram de usar a ilha como um paraíso fiscal?

A DHARMA foi introduzida como um gigantesco elemento na trama, mas virou um mero detalhe com passar dos anos. E você ainda acredita que os roteiristas de Lost sempre souberam o que estavam fazendo? Em tempo, a 5ª temporada desperdiçou uma ótima oportunidade de fornecer uma explicação sobre as intenções da DHARMA, mas não fez nada a respeito.

3ª Temporada: A série esquece um pouco a DHARMA. Agora, o problema são os Outros. Sim, como é como diz o ditado: "na ilha, o inferno são os outros". Enfim, o pessoal que chegou antes no local se mostra possessivo e rancoroso. Nada de reforma agrária ou divisão de terras.

Os outros garante que são os verdadeiros donos daquele pedaço de terra e os sobreviventes são um pessoal inconveniente que se meteu onde não devia. Mais uma vez foram sonegadas informações cruciais: qual a origem daqueles que já estavam lá antes de Ben, Juliet e os demais chegarem?

E tem mais: o problema da fertilidade, tão importante no arco envolvento a gravidez da Claire, também não ganhou uma base sólida. A grande maioria dos episódios era sobre “Jacob fez isso, Jacob fez aquilo”. Enquanto isso, Ben Linus se transformou em um personagem divertido graças aos seus intermináveis jogos mentais. Só que a questão Jacob vai ficar sem nenhum contexto até o final da 5ª Temporada.

Vale notar que nesta temporada aconteceu a desastrada participação de Rodrigo Santoro. Seu personagem, o Paulo, nada acrescentou na série. Tanto que acabou morto e enterrado, não necessariamente nesta ordem.

Foi uma temporada chata, tediosa, repleta de equívocos. Até que veio o episódio final. O tempo inteiro, o público acredita estar vendo mais uma série de flashbacks. Até a cena final onde o doutor Jack Shephard diz para Kate que eles precisavam voltar para a Ilha. Então a parte do público que ainda não tinha desistido de Lost arranjou um motivo para seguir acompanhando a série.

4ª Temporada: Foi a melhor temporada de Lost e também uma das mais curtas. A essa altura, os sobreviventes eram apenas vítimas casuais do fogo cruzado entre os Outros e um tal de Charles Widmore, um sujeito que toma uísque de 15 mil dólares. Fora da ilha Jack, Kate, Sayd, Hurley, Desmond e Sun Kwon percebem que a vida não está fácil pra ninguém. Os flashbacks foram substituídos por flashforwards. Quem usa Mac obviamente não viu nada disso por que Steve Jobs odeia flash...

Na ilha, Ben Linus segue com seus jogos mentais, Locke segue acreditando em tudo e Sawyer aproveita para curtir momentos de paz e tranquilidade com Juliet. Só que - em uma ideia simples, mas genial - surge uma equipe de resgate. Daniel Faraday, Miles Straume, Charlotte Lewis, Frank Lapidus e Naomi Dorrit são introduzidos na série. Os episódios ganharam mais ação e "A Constante" é um dos melhores roteiros de Lost.

Em tempo, Daniel Faraday foi um daqueles personagens fundamentais. Sua função em cena era basicamente explicar o que estava acontecendo. Claro que isso não podia durar muito. Ele acabou morrendo na ilha. Mas foi bom enquanto durou. De qualquer forma, na equipe de resgate está o personagem mais ZeroZen da ilha. O único digno de nota. Quem é ele? Resposta somente na sexta temporada...

5ª Temporada: Agora todo mundo quer voltar para a ilha. E isso foi um problema grande. Os motivos arranjados para levar os "Oceanic 6" de volta são decididamente patéticos. No meio disso tudo, surgem pinceladas de física quântica, viagens no tempo, wormholes. A ideia das viagens no tempo é bem interessante, criou uma oportunidade para mostrar os primórdios da ilha, os objetivos da DHARMA e etc. Mas nada disso acabou bem-aproveitado…

Em tempo, Kate voltou na ilha para encontrar Claire, mas simplesmente esqueceu do seu objetivo e foi cuidar da sua vida. Nesta temporada, surge a revelação que a ilha é mesmo um lugar místico e não tem nada de ciência.

Daniel Faraday acredita que a solução é detonar uma bomba, assim surgiria uma realidade paralela na qual o avião nunca teria caído na ilha. Os sobreviventes topam. Como sempre dá tudo errado. Desta vez sobra para a pobre Juliet tentar consertar a bagunça. Ela explode a bomba na marra e a temporada termina. Nem é preciso dizer que a analogia com a bomba resume bem o que foi a quinta temporada.

Ei! Jacob tem um irmão sem nome. Realmente faz uma tremenda falta um cartório na ilha para registrar os nomes das crianças...

6ª Temporada: Depois de seis anos tudo o que o público sabia é que a ilha era um lugar especial, repleto de coisas especiais, povoado por gente especial com um propósito especial. Então os produtores disseram: "agora é hora das respostas". Sim, a ciência, a DHARMA e a física quântica foram apenas para encher linguiça. Mas na última temporada todas as dúvidas seriam respondidas. Mas nada disso aconteceu.

Depois um sem número de episódios irrelevantes, finalmente é contada a história de Jacob e seu irmão. São duas “entidades” em pé de guerra que ficam brincando - que falta não faz um videogame ou uma televisão - com aquelas pessoas, que agora são peças de xadrez num jogo metafórico cheio de simbolismo barato.

Vale notar que, em entrevista recente, os produtores de Lost revelaram que a ideia de Jacob só passou a existir a partir da terceira temporada. Ou seja, a historia final está bem longe e distante de ser a historia que existia no começo.

Ou seja, os roteiristas pegaram as brechas que podiam juntar e uniram para encaixar com a trama de Jacob, Já o restante foi deixado de lado, eram apenas coisas “não necessarias para a trama”. Então tá...

O pior é que a realidade paralela, os flashslideways, não passavam de uma espécie de purgatório? Lost realmente apelou para algo tão manjado? Sim, a resposta dos produtores só pode ser uma: "Foi o que se pode arranjar. Quem não gostou que assista Fringe".

Lost terminou de maneira pífia e patética. A série desandou completamente e a maior prova disso é que nos Estados Unidos o último capítulo da série foi assistido por 13,5 milhões de pessoas. Uma audiência bem abaixo das expectativas da ABC. Por exemplo, o capítulo final do seriado "ER" teve 16,3 milhões de espectadores. Na primeira temporada, "Lost" teve média de audiência de 16 milhões de pessoas em 2004. Ao longo dos anos, a série perdeu público.

Para que se tenha uma ideia do que é audiência no Estados Unidos, eis alguns dados para acabar com o sono de qualquer lostie. Eis uma espécie de top 5: Cheers (80,4 milhões em 1993), Seinfeld (76,3 milhões em 1998), Friends (52,5 milhões em 2004) e Magnum (50,7 milhões, em 1988). Ah, o recordista é M*A*S*H qeu teve um final de seriado assistido por 105,9 milhões de americanos em 1983.

Resta, por fim, dizer quem é o personagem mais ZeroZen de Lost. A resposta só poderia ser uma. Mas calma lá. Em Lost nunca se responde algo de forma direta. As pessoas ficam enrolando, que nem esta impagável revista digital, até que as pessoas fiquem exasperadas. Só então acabam revelando o óbvio. O personagem mais ZeroZen é: Miles Straume!

Miles Straume
Esse é o cara. Está perdido? Bem, a Lostpédia ajuda. Miles Straume é um médium e um membro do time de cientistas que foi à Ilha no cargueiro Kahana. Ele é filho de Pierre e Lara Chang. Miles tem a habilidade de extrair informação dos mortos através do que ele chama de "sentimento". Ele caiu na ilha 91 dias após a queda do voo 815.

Miles afirmou que sua missão na Ilha era de capturar Benjamin Linus, mas mais tarde ofereceu contar ao seu chefe que Ben estava morto por um pagamento de $3.2 milhões (o dobro do que Widmore lhe ofereceu). Depois que a Ilha foi movida, ele e alguns dos sobreviventes se moveram através do tempo. Ele, assim como Sawyer, Juliet e Jin, nos anos 70 e trabalhando em uma estação de segurança da Iniciativa DHARMA, o que o colocou em proximidade a seu pai.

Miles fugiu da Ilha junto de Richard, Lapidus, Sawyer, Claire e Kate no avião da Ajira. Só isso já demonstra um caráter vencedor. Mas Miles sempre adotou a postura correta para sobreviver na ilha. Ou seja, na dúvida corra o mais rápido possível.

E tem mais: Miles é o único personagem a fazer parte de todas as facções principais da Ilha, ele fez parte da Iniciativa DHARMA, dos Sobreviventes, dos Outros e da equipe do Kahana. Ele também foi o único a fazer parte do grupo de Jack e de Locke quando os sobreviventes se dividiram.

Porém, o detalhe decisivo está em um episódio da sexta temporada. Miles visita Ben quando este estava cavando seu próprio túmulo, Ben oferece a ele (novamente) 3.2 milhões de dólares para liberá-lo da corrente, mas Miles afirma que os diamantes no túmulo de Nikki e Paulo valem muito mais do que isso. Quando Jack, Hurley e Richard chegam ao acampamento, Miles está segurando um dos diamantes, ou seja, ele os tirou da cova.

Perceberam? Não só Miles escapou da ilha, mas ele fugiu com diamantes. Ele ficou rico. Para quem fez tudo isso, passar um tempo no purgatório fingindo ser policial foi uma verdadeira barbada.

Da Equipe de Articulistas

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