50º Feira do Livro


A Feira do Livro de Porto Alegre comemorou meio século de vida de maneira insípida, insossa e para uma sala de cirurgia, fazer uma plástica ou, quem sabe, aplicar umas injeções de botox.

Não houve uma grande festa ou mesmo grandes convidados. Tudo ficou no mesmo marasmo de sempre. A novidade maior deste ano foram o surgimento de balaios-clones. Com um grande número de editoras colocandos os mesmos livros em ofertas especiais. O que não deixa de ser estranho. Afinal, todos tiveram a capacidade de comprar os mesmos livros ruins?

De qualquer maneira, a ZeroZen, a única revista com padrão de qualidade seis sigma (sempre seis doses asigma da humanidade), foi novamente conferir o evento na Praça da Alfândega. Aliás, este será o último ano da praça como sede da feira. O local vai passar por reformas nos próximos 24 meses.

A decisão provocou celeuma nos meios culturais porto-alegrenses. Muitos afirmam que com a Feira do Livro, a praça traficantes, as prostitutas, os mendigos e os drogados voltam a tomar conta do local.

Bem, isto não deixa de ser verdade. Porém, durante o período da feira, a praça fica lotada de pseudo-poetas, fãs neófitos de Bukowski, amantes de poesia concreta e leitores de José Saramago, ou seja, a escória da humanidade.

Enquanto o novo local onde será realizada a Feira do Livro não é escolhido, confira o tradicional comentário da ZeroZen sobre a lista dos mais vendidos (dados relativos ao dia 9 de novembro):

Ficção

1) O Código Da Vinci, de Dan Brown, editora Sextante
Uma verdadeira barbada. Era como apostar no cavalo vencedor. O livro de Dan Brown já vendeu mais de 10 milhões de cópias em todo mundo e seguiu sua trajetória vencedora na Feira do Livro. Calro que, como todo o best-seller, é ruim demais. Só não é perfeitamente idiota, por que perfeição não existe. O professor de simbologia de Harvard, Robert Langdon vira uma espécie de Indiana Jones dos pobres e sai correndo pela França e Inglaterra para resolver um mistério relacionado ao Santo Graal. Todos os personagens são clichês ambulantes. O livro é nitidamente construído para virar um filme em Hollywood. Porém, a conspiração por trás de O Código Da Vinci é de uma ingenuidade boçal. O livro é altamente indicado para quem se impressiona com pouco ou não conhece nada de história da arte (o que parece ser o caso de boa parte da humanidade).

2) Anjos e demônios, de Dan Brown, editora Sextante
Mais um livro de dan Brown. Está a primeira aventura de Robert Langdon. A trama é completamente estapafúrdia. O protótipo de Indiana Jones tem de impedir que uma bomba-relógio seja detonada dentro do Vaticano. Ele vai contar com a ajuda de Vittoria Vetra uma carismática cientista italiana. Aqui Brown esconde a sua falta de talento com uma considerável dose de cenas de sexo.

3) Perdas e Ganhos, de Lya Luft, editora Record
Um livro de auto-ajuda para a velhice. É algo do gênero: leia antes que você acabe...

4) Coleção Sherlock Holmes, de Arthur Conan Doyle, editora Melhoramentos
Sherlock Holmes entre os mais vendidos da feira? Como isso é possível? É elementar, meu caro Watson. Basta espalhar as aventuras do detetive inglês em tudo quanto é balaio da Feira. Para garantir, cobre apenas R$ 5. Pronto. O sucesso está garantido.

5) Canibais, de David Coimbra, editora L&PM
David Coimbra é colunista de Zero Hora. Como se sabe isto está longe de ser um atestado de qualidade literária. O livro prova que ele não tem força muito menos vocabulário para sustentar um romance. Melhor ficar escrevendo crônicas para analfabetos funcionais e leitores de ZH, o que vem dar no mesmo.

Não-Ficção

1) Medicina alternativa de A a Z, de Carlos Nascimento Spethmann, editora Natureza
Dicionário para hipocondríacos em,potencial.

2) Anonymus Gourmet 200 receitas inéditas, de J. A. Pinheiro Machado, editora L&PM Pocket
Como somente gente gorda compra esse tipo de livro, está provado que o Brasil é mesmo um país de obesos...

3) Leituras obrigatórias Ufrgs 2005, de João Armando Nicotti (org.), editora Leitura XXI
Também poderia se chamar como faturar uns trocados em cima do pânico e da falta de preparo dos vestibulandos

4) Desembarcando a hipertensão, de Fernando Lucchese, editora L&PM
Ano que vem Fernando Lucchese deve lançar desembarcando as hemorróidas ou algo do gênero...

5) Travessia da Amazônia, de Airton Ortiz, editora Record.
O livro foi equivocadamente colocado na categoria não-ficção. Afinal, atravessar a floresta amazônica de ponta-a-ponta só pode ser ficção.

Da equipe de articulistas