Assassin's Creed

Ao ser lançado em 2007 para XBOX 360 e PS3, Assassin's Creed se destacou por ser uma 'propriedade intelectual' (IP) inédita no meio de várias continuações. O que hoje em dia não é pouca coisa. Isso até virar uma franquia, o que é pretensão declarada dos desenvolvedores do jogo.

Produzido e desenvolvido pela Ubisoft Montreal, a mesma de Tom Clancy's Rainbow Six Vegas 1 e 2, Assassin's Creed combina vários estilos de jogos num só pacote. Numa mistura bem azeitada. Apesar do inusitado da trama.

Em Assassin's Creed você é Miles Desmond um prosaico garçom que no século XII foi um 'assassino do clero' e, supostamente, tem o segredo de um tesouro qualquer guardado em sua mente. O qual cientistas, com muito tempo livre, querem descobrir por meio de uma geringonça chamada 'Animus', que permite que nosso relutante herói possa reviver a memória de sua vida passada. Agora, tipo encontrar a cura para o câncer está difícil...

Esse enredo tem mais furos que o orçamento da União. De uma sentada só você tem religião, incluindo aí a Ordem dos Templários, reencarnação, memória de vidas passadas, conspirações absurdas e cientistas malucos. Tipo só faltou alienígenas nessa história.

A maior parte da ação se passa no oriente médio, em Jerusalém e outras cidades históricas. Sendo que a parte moderna, passada nos dias atuais, parece fora de lugar no tempo e espaço. Sem nunca justificar sua existência.

Assassin's Creed possui apenas nove missões. O que dá, na teoria, a média de um assassinato por missão. Parece pouco, mas a natureza lenta do jogo e as longas de cenas de diálogos, que não possuem legendas, nem mesmo em inglês, garantem facilmente mais de 15 horas de entretenimento. Sem falar que ainda existem objetivos secundários e mini-games espalhados pelos mapas, mas que são repetitivos e pouco recompensadores.

Outro problema é a natureza politicamente correta dessas missões secundárias. Tudo bem que esse seja um jogo com forte conteúdo religioso, mas convenhamos você é um assassino por encomenda, que negócio é esse de ajudar os pobres? Consciência pesada? Onde já se viu assassino fazer caridade. Detalhe: você é punido se matar inocentes.

Além disso, como você está revivendo uma 'memória', na verdade nunca morre. Isso combinado a um sistema de salvamento por checkpoints acrescenta alguns quilos de frustração à já confusa jogabilidade do game.

A versão para PC possui quatro missões inéditas tanto para XBOX 360 como PS3. Mas nenhuma que realmente se destaque. O que reforça a impressão de que se você jogou uma missão jogou todas. O sistema de combate é limitado, mas intuitivo. Com pouco combos ou golpes especiais. Os desenvolvedores se esforçaram bastante para colocar o maior número de funções nas mesmas teclas. O que torna a coisa toda meio frustrante. Principalmente quando se luta também com a câmera, que tem o irritante hábito de travar nos piores lugares.

Talvez a idéia seja mesmo evitar o combate, uma vez que grande parte da ação do jogo consiste em se manter despercebido pelos guardas. Onde o game entra no sempre tortuoso território de jogos de 'stealth', infiltração, como Thief.

Para se manter longe dos guardas é preciso fazer uso de rotas alternativas pelos telhados da cidade, já que nosso herói é capaz de malabarismos no melhor estilo Tomb Raider e Príncipe da Pérsia. O problema é que os controles confusos e falta da possibilidade de salvar o jogo a qualquer momento tornam esse tipo em empreitada um exercício de paciência e repetição. Sem falar que em algumas cidades existem guardas até mesmo os telhados!

Outra curiosidade é que apesar da ênfase na infiltração nosso herói não é necessariamente um assassino do tipo discreto e silencioso, sendo que muitas vezes vai ter matar seus alvos no meio de vários guardas. O que resultará em vários combates sem sentido.

Quanto a parte gráfica, Assassin's Creed tem suporte para DirectX 10 e DirectX 9, mas só mostra toda a sua força gráfica no primeiro. Onde necessita um computador top-de-linha para rodar em sua plenitude. Destaque dos gráficos fica para os menus estilizados e a apresentação de alto nível. Sem falar na ambientação de época perfeita.

O mesmo se pode dizer do áudio, principalmente trilha orquestrada de fundo. O único problema são os diálogos, por vezes inteligíveis. Uma vez que todos NPC's- non-player character, personagens não jogáveis- do jogo falam com aquele sotaque carregado de terrorista da série 24 horas.

No final das contas Assassin's Creed combina vários elementos de forma inédita, mas falha consideravelmente em explorar todo o seu potencial. Existe um bom jogo aqui em algum lugar, mas por enquanto melhor deixá-lo onde está: mofando nas prateleiras...

Prós: Mistura original de estilos.
Contra: Muita falação e poucos assassinatos. Muita falação e nenhuma legenda.

Saulo Gomes

Requisitos Mínimos:
Processor: Intel Core® 2 Duo 2.2 GHz ou AMD Athlon 64 X2 4400+

Placas de Vídeos Suportadas:
ATI® RADEON® séries: X1600/1650-1950/HD 2000/3000
NVIDIA GeForce® séries: 6800/7/8/9