Bioshock

Bioshock é a continuação não-oficial de System Shock 2, o cultuado game de 1999 que ninguém jogou, pois estava entretido om o primeiro Half-Life ou com Quake 3. Apesar de guardar apenas alguns elementos em comum com esse jogo, Bioshock é genuinamente original e estranho. O tipo de jogo que surge apenas um a cada nova geração e olhe lá.

Desenvolvido pela 2k Games e distribuído pela Take-Two, Bioshock tem uma história que não faz muito sentido e tentar explicá-la só a torna mais bizarra. Ação se passa em 1960, no começo do jogo você sofre um acidente de avião e descobre numa ilha, no meio do oceano atlântico, a entrada para uma cidade submarina chamada Rapture.

A cidade, que parece estar abandonada, foi fruto da mente insana do megaempresário Andrew Ryan, que queria criar uma sociedade perfeita a partir dos produtos desenvolvidos por suas empresas. Ou algo parecido. Mas como era de se esperar os habitantes do lugar, eminentes membros da sociedade, uma vez confinados debaixo da água a coisa toda acabou desandando na maionese.

Para viver debaixo da água era preciso alterar o código genético desse pessoal, usando para isso uma droga desenvolvida pelos laboratórios de Andrew Ryan. O problema é que os habitantes, agora conhecidos apenas como 'slicers', enlouqueceram pelo uso exagerado de 'plasmids' e 'gene tonics. O que gerou um surto de violência generalizada no meio do reveillon de 1959. Deixando a cidade no seu estado de abandono e desolação atual.

Os slicers vagam pela cidade em busca de ADAM, que é gerado por um parasita encontrado no fundo do mar, que uma vez de posse do corpo de um hospedeiro faz mudanças genéticas na estrutura celular deste. ADAM agora só pode ser encontrado nos corpos dos cadáveres espalhados pela cidade. Para isso Andrew Ryan treinou, ajudado por, adivinha, cientistas nazistas, menininhas, as Little Sisters, para retirar o ADAM dos corpos dos habitantes mortos e reciclá-lo?! Pára que isso já não está fazendo o menor sentido.

Mas continua: as Littles Sisters são protegidas constantemente por 'Big Daddys', talvez um dos personagens criados para jogos de computador mais marcantes dos últimos tempos. Não só eles são os inimigos mais mortais do jogo como são incrivelmente rápidos para quem usa um escafandro como vestimenta.

Em determinado momento será dado ao jogador a opção de escolher entre salvar as Little Sisters, irmãzinhas, ou 'exorcizá-las' de todo mal para sempre retirando o parasita! Esse é um momento chave de Bioshock e a escolha que você fizer afetará o final do jogo.

É no fundo a velha escolha entre o bem e o mal. Não há meio-termo. Se você for mau uma vez que seja não espere por um final feliz. Os desenvolvedores do jogo realmente esperam que você escolha salvar as irmãzinhas. Apesar de ignorarem o fato de ser um tanto quanto difícil criar empatia com crianças geneticamente modificadas por nazistas protegidas pelo inimigo mais difícil de todo o jogo.

Sem falar que Bioshock é daqueles jogos em que você precisa fazer um esforço sobre-humano para prestar atenção no enredo. Até porque caso contrário não vai entender nada. Existem muitas coisas acontecendo na superfície, digo debaixo dela. Muitas que passarão completamente despercebidas pelo jogador na primeira que se aventurar pelo jogo.

Uma nova geração de frustração.
Para um jogo genuinamente de nova geração, Bioshock tem velhos problemas. Talvez o mais problemático seja o sistema de combate. Como em certos jogos de RPG, o jogador não morre nunca. Toda que vez que sua saúde chegar ao zero, você será rematerializado numa 'vita-chamber' e estará pronto para outra. Isso o que tem de facilitador tem de frustrante. Pois dá aos desenvolvedores a chance de aumentar a dificuldade e, consequentemente, a frustração do jogo em níveis alarmantes. Muitas vezes o combate do jogo se resume em acertar um ou dois golpes no inimigo, receber um contragolpe mortal, ser enviado de volta para 'vita chamber' mais próxima e repetir esse processo até que finalmente você consiga vencer o seu obstáculo.

O herói é lento e desajeitado se comparado com qualquer outro inimigo, até mesmo os monstruosos Big Daddys são mais rápidos que você. Sem falar que todos inimigos tem armas melhores do que a sua, e que não levam séculos para recarregar. Agora por que diabos você não pode usar a mesma arma usada pelos Big Daddys?

Outro resquício de RPG que o jogo possui são os vários upgrades genéticos que você pode adquirir durante o jogo. Por um preço módico, é claro, em caixas eletrônicos espalhados pela cidade. O problema é que, no fundo, esses upgrades não parecem melhorar significativamente seu desempenho. Isso ou os inimigos melhoram com você.

O engine gráfico usa tecnologia Unreal, a mesma do UT3. O grande destaque fica por conta do design dos níveis, que criam um ambiente que lembra a pujança do final dos anos 50. Sem falar os impressionantes efeitos de água, um dos melhores da nova geração.

O som e principalmente o trabalho de narração é muito bom. Pena que de vez em quando o áudio engasgue um pouco, principalmente em momentos de grande ação. O problema foi revisado e aparentemente corrigido no primeiro patch para o jogo.

Enfim, se você tirar a história e a ambientação de Bioshock grande parte dos atrativos do jogo vão, sem ironias, por água a baixo. A ação, em vários momentos, peca pela repetição e pelo alto coeficiente de frustração. Mas se você conseguir deixar essas pequenas distrações de lado, Bioshock é um desses raros jogos de temática adulta que consegue não só ser original como manter o seu interesse até o fim. O que é um feito em qualquer geração.

Saulo Gomes

Prós: História e a ambientação acima da média.
Contra: Genuinamente frustrante. Armas inócuas e que levam séculos para recarregar. Alguns problemas técnicos já corrigidos no primeiro patch.

Requisitos Mínimos:
3.0 GHz
1 GB RAM XP, 2 GB RAM Vista
Placa de vídeo de 256 MB compatível com DirectX 9.0c