NÃO INTERESSA A NINGUÉM, MAS...

Raul Gil e a arte do óbvio

O programa Raul Gil exibido pela Record é líder de audiência nos sábados à tarde. Aconteça o que acontecer das 13h às 18h ele segue dando uma surra na Rede Globo. Isto não significa que o apresentador é um gênio ou que tenha algum talento especial a não ser gritar a plenos pulmões enquanto vai chamando as suas atrações. Na verdade, a fórmula de seu show de calouros é mais velha do que andar para frente.

Mesmo assim Raul Gil está ganhando dinheiro. A maioria dos calouros do seu programa são razoavelmente afinados. Parecem cantores de churrascarias com mais horas de vôo do que a média. Obviamente não existe nenhum grande talento ou alguma voz que faça o mundo artístico parar. Entretanto todos os calouros contratados por gravadoras atingiram rapidamente vendagens excelentes.

Isto significa que realmente as pessoas assistem ao programa. Mais ainda: depois de ver os calouros do Raul Gil querem adquirir os cds dos seus favoritos. Parece um bom negócio? Pois é... mas no Brasil os gênios do marketing não pensam assim. Logo há uma questão muito relevante que não interessa ninguém. Onde estão os caça-talentos das gravadoras brasileiras?

Na realidade o que o Raul Gil desenvolveu foi um faro para o óbvio. Ele promove o seu calouro, cria uma identidade, trabalha a voz do candidato e depois de muita luta lança um cd. Quanto o artista sai do show é substituído por um novo concorrente e volta para se apresentar no mesmo programa. Faz sentido. É uma maneira segura de pagar as contas no fim do mês. Porém apenas a Warner resolveu bancar a aposta.

O resultado foram mais de 850 mil cópias vendidas do gospel de plástico de Robinson Monteiro e 350 mil cópias da ópera para patuléia da dupla Rinaldo e Iriel. Vale lembrar que só depois de 20 anos e de uma participação na Casa dos Artistas que Supla conseguiu vender mais de 500 mil cópias. O fato é que as gravadoras brasileiras estão perdendo o trem da história.

O motivo de tanta falta de empenho pode ser sentida na MPB. Todo mundo sabe que este é um gênero de música que está morto e enterrado. Não há renovação e todas as tentativas de criar novos ídolos fracassaram rotundamente. Em outras palavras o público não liga a mínima para os pseudo renovadores da MPB. É só vender a quantidade de público de certos enganadores o Credicar Hall em São Paulo para perceber o que está acontecendo.

Por isso que o sucesso dos calouros do Raul Gil pode ser uma alternativa divertida. É possível de uma fórmula simples e rápida transformar a MPB em um freakshow de desconhecidos. Como o rock brasileira é uma piada ainda mais engraçada a idéia até pode dar certo. Se nada disso funcionar as gravadoras poderiam botar os seus contratados para disputar com o pessoal do Raul Gil. Como é quase certo que eles iriam perder seria um caso típico de demissão por justa causa...

Da Equipe de Articulistas

Lembre-se: Se você acha que a Música Popular Brasileira é coisa de oligofrênico e que serve direitinho como remédio contra insônia, então você é um pouco ZeroZen...