NÃO INTERESSA A NINGUÉM, MAS...

Jô Soares e Marília Gabriela

Nada mais irrelevante que apresentadores de talk-shows. Um nome mais bem bonito que entrevistador sem talento. Porém, a televisão brasileira teve recentemente dois momentos que definem o muito bem conceito de ética que vigora por trás das câmeras. O tipo de atitude que revela como o pessoal do andar de cima pensa. Os autores de duas das mais vergonhosas entrevistas jamais feitas em toda a história da televisão brasileira foram Jô Soares e Marília Gabriela.

Primeiro, Jô Soares. O humorista resolveu virar produtor de peça de teatro. Até aí, tudo bem. Se está a fim de rasgar dinheiro à semelhança do Tom Zé a vida é dele e ninguém tem nada com isso. Porém, o problema é que em uma notável falta de ética ele resolveu usar toda a máquina da rede Globo para fazer propaganda do seu espetáculo, Frankensteins. No Fantástico chegou a fazer uma matéria jornalística (sic e sci) para divulgar a peça.

Bem, foram momentos patéticos no Fantástico, onde o Jô Soares se limitou a elogiar a pessoa que mais admira, ou seja, ele mesmo. Mesmo assim a desgraça estava longe de terminar. Jô resolveu convidar o elenco da sua peça para ser entrevistado no seu programa. Isto é um absurdo monumental. Vai contra as mais primárias noções de ética no jornalismo. É como escrever a resenha do filme que você mesmo dirigiu. Qualquer pessoa que possua o mínimo de amor-próprio e orgulho jamais se sujeitaria a este tipo de momento ridículo. Claro que isto não vale para o rotundo humorista.

Como se sabe Jô Soares não montou o seu talk-show para entrevistar ninguém. Tanto que fala mais do que o entrevistado. Aliás, a cada ano do programa ele parece deixar cada vez menos espaço para os convidados. Seu objetivo é dominar a cena e dar vazão a sua megalomania descontrolada. Pois, quando o elenco de Frankensteins se sentou para começar a entrevista, Jô Soares percebeu que tinha chegado ao auge, ao pináculo.

Sim, por que Jô Soares conseguiu o pródígio de entrevistar a si mesmo!! Durante todo o tempo só Jô Soares falou. Praticamente não houve nenhuma pergunta. Tudo foi feito para valorizar ele mesmo. Sua inteligência, sua capacidade de discernimento e, principalmente, o seu dinheiro que estava financiando a peça. Jô chegou ao absurdo de perguntar o que os atores acharam de trabalhar com ele!! Quer até parece que alguém ia responder: "odiei, mesmo por que você não passa de um gordo escroto". Ridículo, patético e pífio.

Já Marília Gabriela resolveu convidar o seu namorado Reynaldo Gianecchini para ser entrevistado por ela mesmo! Novamente ética nota zero. Para piorar as coisas, ficou claro que Marília não escolheu o seu par devido as suas, digamos assim, qualificações intelectuais. Gianecchini provou que não tem absolutamente nada a dizer. Ele é a própria irrelevância máxima.

Porém, Marília Gabriela tentou de todas as maneiras levar a empreitada adiante. Foi outro mico gigantesco. Um verdadeiro fiasco do jornalismo brasileiro. Contudo o mais constrangedor foram as intervenções de Marília Gabriela. No meio da entrevista ela chamava a câmera e recitava a ladainha "opinião da entrevistadora" e a partir daí entregava o jogo. Simplesmente entregava aquilo que o entrevistado não estava a fim de responder. Constrangedor e medíocre.

Jô Soares e Marília Gabriela pelo menos encontraram a desculpa que precisavam para encerrarem as suas carreiras. Eles não tem mais nada a acrescentar para a televisão brasileira. Podem sair de cena e dar lugar a outras pessoas. Só resta para eles se misturarem à multidão. De preferência podem usar um saco de papel na cabeça, quando saírem às ruas, para não serem reconhecidos.

Da Equipe de Articulistas

Lembre-se:
Se você acredita que mesmo o mais tacanho apresentador de talk-show precisa saber o significado da palavra ética, então você é um pouco ZeroZen...