O Deputado é o senhor do seu castelo

O deputado Edmar Moreira, do DEM, acabou sendo obrigado a renunciar ao cargo corregedor da Câmara. O motivo? Ele ocultou da Justiça Eleitoral a propriedade de um prédio em forma de castelo em Minas Gerais. Mas se o homem é o senhor do seu castelo, por que o deputado também não pode ser?

Vale notar que não se trata de um castelinho de quinta categoria. De acordo com a revista Veja, são 7.500 metros quadrados de área construída. Em tanto espaço foram colocadas 32 suítes, dezoito salas, oito torres, 275 janelas, uma piscina com cascata, fontes e espelhos d'água. O deputado poderia ter exagerado colocando, digamos, 12 torres ou 320 janelas, mas preferiu ser um déspota humilde.

E tem mais o castelo está equipado, ainda, com uma cozinha industrial capaz de atender 200 pessoas, dois elevadores, sistema de aquecimento central, uma capela e um anexo de lazer, com sauna, salão de jogos e de ginástica. Também possui uma adega subterrânea climatizada, com capacidade para 8 000 garrafas. Ou seja, a ressaca de vinho deve ser mesmo monumental. Detalhe: as quase três centenas de janelas são feitas de madeira sucupira. As escadarias são de granito escuro.

O polêmico castelo fica no distrito de Carlos Alves, vilarejo de pouco mais de 1.000 habitantes e 300 casas, no município de São João Nepomuceno, a 70 quilômetros de Juiz de Fora. Curiosamente, de acordo com a revista Veja, o castelo de Edmar nasceu de um desejo de sua esposa, Júlia.

A mulher do deputado ficou enciumada - vaidade, tudo é vaidade - quando um irmão de Edmar, Elmar, comprou a fazenda mais bonita da região. "Se eles têm a melhor fazenda, então eu quero um castelo", teria dito. Sorte dela que tinha um marido apaixonado.

O deputado topou o desafio. Estima-se que, em doze anos de obras, a construção tenha consumido 10 milhões de reais. O que, aliás, é mais do que custam muitos castelos de verdade no interior da França! O palácio já recebeu vários convidados ilustres, entre eles, o então presidente da República, Itamar Franco, em 1993.

Depois de tanta confusão, a carreira política de Edmar Moreira parece estar ruindo feito um castelo de cartas. Já o Castelo da vida real vai bem, obrigado. De fato, é complicado condenar um homem só por que ele tem um castelo. Tudo bem que Edmar é acusado de não depositar o FGTS de seus empregados e sonegar imposto de renda, INSS e ISS. Mas onde se viu alguém da monarquia pagar impostos?

Claro que se algum dia, devido a algum plebiscito, a monarquia voltar ao brasil, Edmar Moreira seria automaticamente proclamado rei, pois só ele teria um castelo bacana. Se a monarquia não vingar, basta Edmar aproveitar e transformar o castelo em uma espécie de disneilândia para políticos. O principal brinquedo, é claro, seria o trenzinho da alegria...

Da Equipe de Articulistas