Crise na Argentina

O incauto leitor deve estar acompanhado a obsessiva cobertura dos grandes meios de comunicação da crise na Argentina. A imprensa tem gastado toda sua lábia no intuito de causar alguma apreensão ou mesmo comover alguém. Até se entende a falta de assunto: é início de ano, está todo mundo de férias na praia — menos a ZeroZen — e a casa dos Artistas 2 só estreia em fevereiro. Para complicar as coisas a Guerra Contra o Terror acabou não dando em nada. Mas... falando sério. Ninguém aqui liga a mínima se fizerem um leilão da Argentina e transformarem Buenos Aires em estacionamento. É aquela história: "não chores por mim Argentina". Pois é... nós certamente não vamos chorar por você.

Tudo bem que essa crise vai cedo ou tarde afetar diretamente a economia brasileira, principalmente nos estados da região Sul mais beneficiados pelo Mercosul, mas se não nos falta a memória em nenhuma de nossas inúmeras crises a Argentina nunca demonstrou sequer uma réstia de solidariedade. Si, si, hermanos, hermanos negócios à parte.

O Brasil não deve, nem pode, bancar o primo rico da história e bancar a crise do país vizinho. O povo argentino certamente merece os políticos que têm, só precisa aprender a conviver com isso. Só alguém muito ingênuo para considerar Maradona melhor que Pelé para acreditar em paridade do peso com o dólar. Nem brasileiro cai mais nessa. A economia de faz-de-conta da Argentina era como uma máquina de queimar dinheiro vazando óleo. Não podia ter acabado de outro jeito.

Mesmo assim com a queda da moeda Argentina o brasileiro pode aproveitar os novos pacotes turísticos pelo país, que incluem agora não só um tour pela Casa Rosada com direito a quebra-quebra, confusão e correria, panelaços e gás lacrimogênio. Como também no pacote luxo o turista brasileiro pode ter a oportunidade de ser o presidente Argentino por um dia. Ou se divertir com esporte radicais como Corra Atrás do Dólar. No qual joga-se uma nota de um dólar para cima para ver quantos argentinos lutam por ela.

Claro que ninguém vá pensar que esta impoluta revista tem algum recalque com aquele bando de hermanos safados que vêm para as praias gaúchas roubar nossas inocentes mulheres. Nada disso. A ZeroZen, a única revista que não acredita no Mercosul, imbuída do espírito fraternal aproveita para dar alguns conselhos para os argentinos saírem da crise.

Primeiro o melhor que eles têm a fazer é vender a Seleção Argentina de Futebol para arrecadar algum dinheiro. Como caíram no grupo mais difícil da Copa do Mundo e terão pela frente Nigéria e Inglaterra o melhor a fazer e ganhar alguma grana enquanto ainda resta um pouco de prestígio futebolístico. Além do mais do jeito que o país está em situação de penúria e mendicância muito provavelmente os jogadores teriam de pegar um ônibus de linha para chegar no Japão. Isso se conseguissem juntar o número de vales-transporte suficiente.

Outra solução inteligente para nuestros hermanos argentinos seria colocar uma faixa na bandeira do país com os seguintes dizeres: Aluga-se ou Faço Carreto. Pode ser uma maneira digna de recomeçar. Já Buenos Aires, supostamente a Paris da América Latina, mais conhecida em certos círculos como a capital do Brasil, poderia se transformar em um grande shopping center. Seriam feitos leilões de calcinhas de Evita Perón e pedaços de cabelo do Gardel.

Por fim, em nosso portunhol básico temos uma mensagem especial para o povo Argentino: Acá en Brasil teniemos duas palabras de confuert, alegria y esperanza para nossos Hermanos Argentinos: si fuderam...

Da Reportagem Local