O Futuro é Vinil

As três maiores gravadores de disco brasileiras, Warner Music do Brasil, EMI e BMG resolveram aumentar o preço do CD no Brasil. O preço médio de 25 reais passa agora para 29, um aumento de 16%. Não há qualquer argumento que justifique tal medida: as vendas de Cds nunca foram tão baixas, a pirataria no setor já ultrapassa os 40% e, ainda por cima, temos a popularização dos programas gratuitos de distribuição de músicas pela Internet. Ou seja aumentar o preço do CD a essa altura do campeonato é bater o martelo no último prego do caixão da industria fonográfica nacional.

Enquanto aqui se aumenta o preço do CD, lá fora por causa baixa nas vendas as gravadoras se uniram para baixar o preço em 10%. O mercado global de música encolheu 5% em volume de negócios e 6,5% em unidades em 2001. As vendas globais de álbuns caíram 5%, CDs single 16% e cassetes 10%. O fato de que em 2001 só foi lançado porcaria contribuiu bastante para esses números. Mas o pessoal da industria fonográfica sempre preferiu fazer vista grossa quanto a qualidade de seus produtos e se fixar na quantidade. Preferindo acreditar que as quedas nas vendas foram causadas pela pirataria de CDs e pela distribuição gratuita de música através da Internet.

É certo que cresce cada vez mais no mundo todo o número de pessoas que estão baixando músicas pela Internet e queimando CD-Rs. Nos Estados Unidos, cerca de 70% dos internautas que baixam canções da rede armazenam as músicas em CDs graváveis. Já na Alemanha uma pesquisa feita com 10 mil consumidores revelou que 18% dos entrevistados deixaram de comprar álbuns porque estão "queimando" suas próprias mídias em casa.

No Brasil acredita-se que esse número seja bem menor, já que aqui a Internet ainda é a manivela e menos de 5% da população tem computador em casa. Número que a maioria das pessoas que trabalham com a rede parece ignorar. Mas de qualquer forma, somos pródigos em matéria de pirataria. O que coloca o Brasil em terceiro lugar no ranking dos bucaneiros mundiais, atrás apenas da China e da terra de ninguém que se transformou a Rússia depois da queda do comunismo.

O mercado informal chega a ser muitas vezes mais atualizado e possui melhor distribuição que algumas grandes gravadoras. Na verdade as gravadoras, grandes ou pequenas, principalmente as independentes, deviam aprender com esse pessoal como se distribui nacionalmente um produto. Afinal se você encontra um CD pirata em cada esquina e um CD ‘oficial’ apenas em alguns pontos ‘exclusivos’ de vendas. Tem algo errado com a política de distribuição de sua empresa . E você tem mais que ser tirado fora do mercado por incompetência.

O problema é que o avanço tecnológico dos últimos anos permitiu não só que o público, mas que o artista precise cada vez menos das gravadoras. Várias bandas e artistas estão gravando seus CDs no conforto do seu lar, longe dos grandes estúdios e do crivo da industrial. A verdade é que a industria está perdendo a cada dia a sua força no processo de distribuição de música, passando de principal agente para mero intermediário entre o artista e o público consumidor. Além disso ninguém vai ficar chateado por causa que algum magnata da industria fonográfica perdeu alguns milhões. Mesmo com toda a onda a respeito da pirataria e distribuição gratuita de músicas o faturamento mundial do setor bateu a casa dos US$ 33,7 bilhões.

Mesmo não tendo simpatia pela industria fonográfica, a ZeroZen, a revista que não é solidária nem no câncer, tem a solução para o problema de pirataria: a volta do velho vinil e do som analógico, que qualquer musicólogo poderá afirmar, com razão, que é melhor do que o digital. Além de mais baratos os discos de vinil eram de difícil produção e detalhes como capa e material de prensagem tornavam o processo de fabricação pirata caríssimo.

Hoje em dia qualquer CD ou DVD já pode ser copiado num computador pessoal devidamente equipado. Não há como coibir isso, ou tentar reverter o processo de distribuição de músicas pela Internet. Essa é uma batalha perdida: para cada Napster que é fechado surgem seis novos programas de distribuição gratuitos na rede.

Investir no desenvolvimento de uma nova mídia para substituir CDs e DVDs também não parece ser uma alternativa viável. Além de ser um processo longo e caro, quais as garantias que essa nova mídia não seja adotada depois pelos bucaneiros? Por isso a única saída que resta é mesmo investir na volta do vinil. Afinal nunca se ouviu falar de alguém queimar petróleo para gravar uma mídia nova.

Da Equipe de Articulistas

Considerações Finais
Com a crise no setor fonográfico as gravadoras brasileiras resolveram fazer uma limpa geral em seus catálogos. A EMI colocou a disposição vários artistas entre eles ‘luminares ‘da MPB como: Fat Family, Kleyton e Camargo e Pepê e Nenem e, é claro, Carlinhos Brown!!! Só por se livrar deste encosto a gravadora deve dobrar suas vendas no segundo semestre. Já a Sony Music demitiu o equivocado Mestre Ambrósio e a Abril dispensou o pessoal do Mundo Livre S/A. Por fim a Universal mandou para fila do seguro desemprego o cantor mineiro Wilson Sideral. Pensando bem, quem disse que essa crise não tem o seu lado bom...