O final de Celebridade

A ZeroZen sabe que se a televisão é uma caixinha de fazer idiotas, a novela é o amplificador da oligofrenia. Por isso, o Brasil parou para ver quem era o assassino de Lineu Vasconcelos (Hugo Carvana) na novela Celebridade de Gilberto Braga. O último capítulo bateu um recorde. Foi a maior audiência no horário nobre desde 1993, quando foi exibida “Renascer”, de Benedito Ruy Barbosa. A novela das 21h da Rede Globo que terminou com prévia de 63 pontos de audiência e 82% de share.

Então uma coisa precisa ficar clara. Se o impolutor leitor dessa revista esteve na frente da televisão para acompanhar o desfecho desta trama capenga e descobrir que Laura (Cláudia Abreu) foi a verdadeira culpada de tão escabroso crime, ele assinou um atestado de boçal.

Sim, e isto obviamente significa que 82% da população brasileira é composta de pascácios, pacóvios, lorpas, basbaques e girolas. Somente gente deste quilate faria um bookmaker para saber quem era o verdadeiro culpado. É preciso ser um verdadeiro palúrdio para teorizar (e apostar) a sério sobre os principais suspeitos Ana Paula (Ana Beatriz Nogueira), Laura (Cláudia Abreu), Marcos (Márcio Garcia) e Renato (Fábio Assunção).

Mais assustador ainda foi o absurdo destaque da mídia para o final da novela. Como se o país e o mundo estivessem sofrendo uma brutal falta de assunto, a tacanha mídia nacional se rendeu em um adesismo brutal. O lema era mais ou menos assim: você precisa ver porque todo mundo está vendo ou você precisa comentar porque todo mundo está comentando. Nada mais ridículo. Até mesmo o Arnaldo Jabor decidiu glorificar o vazio, o vácuo total de idéias criado por Gilberto Braga.

É preciso que se diga. O último capítulo de Celebridade trouxe a condenação de todos os culpados, a vitória dos mocinhos e o manjado casamento. Isso é algo diferente ou inédito? Esta é mesmo uma novela que justificou toda a audiência recebida? Fora o agressivo marketingo existiu algum outro milagre?

Bem, se os acadêmicos em comunicação, estes beldroegas do mundo científico, tivessem conectado seus neurônios veriam que há uma resposta simples ao fenômeno criado por Celebridade. A razão do destaque obtido pela novela não foram os personagens muito menos a qualidade (que, aliás, não existe) do texto de Gillberto Braga. Na verdade, o que levou Celebridade ao pináculo foi justamente a crise financeira.

Como a situação não tá fácil pra ninguém e o desemprego atinge níveis apocalípticos, as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa. Ninguém tem dinheiro para sair. Logo, passam a assistir mais televisão, mais novela e, por conseqüência, mais Rede Globo. Tanto que todas as novelas do plim-plim conseguiram audiências invejáveis no período.

Ora, quanto mais novelas a pessoa assiste, mais papalva ela se torna. Assim, nesse ritmo, o caos tomará conta em breve do Brasil. Uma geração de paspalhões está surgindo. Infelizmente, se você possui este tipo de mentalidade, esta parvoíce instalada em seu sistema nervoso central, não há muito o que fazer. Talvez nascer de novo e olhe lá.

De qualquer maneira, é preciso ficar claro que a ZeroZen em hipótese alguma é contra as novelas. Afinal de contas, toda a pessoa tem o direito constitucional de ser um bocó...

Da equipe de articulistas