13/01 Sexta-feira

O segundo dia do festival era para ser a noite do rock. Bem, não deu. O público tem todo o direito de se sentir lesado. Foi a mais pura propaganda enganosa. Um caso típico para o Código de Proteção ao Consumidor. O mico do dia ficou para a Cássia Eller que mostrou que não é só na musica que ela anda caidaça.

Cássia Eller – Com sua natural "finesse" e todo charme da mulher(?!) brasileira Cássia desfilou uma dúzia de palavrões, endereçados a maioria ao controlador de PA, mostrou os peitos murchos, causando inúmeros casos de cegueira na audiência. Enfim fez um típico show dentro do espírito lesbian riot da cantora. A apresentação foi marcada por problemas de som e de educação, e contou com várias participações especiais, incluindo: a Nação Zumbi num cover bizarro de Come Together dos Beatles (de novo).

Fernanda Abreu – Chato, chato, muito chato. Fernanda Abreu comprovou que santa de casa não faz milagre. A coisa estava tão feia que para conseguir alguma reação do público ela teve que ressuscitar a Blitz, com direito a Evandro Mesquita e tudo mais, numa versão para "Você não soube me amar". Bem, agora se sabe porque o Funk’n’Lata desistiu de participar do Rock In Rio com Fernanda: para não ter que pagar o mico.

Barão Vermelho – Começaram com Menor Abandonado, mesma música que eles iniciaram o show de 85 no Rock In Rio I. Mas a banda não conseguia disfarçar sua apatia desfilando hits da era Cazuza sem convicção nem maior interesse. Depois desse show o Barão vai tirar o ano de férias— os caras estão trabalhando muito...— que é a primeira boa notícia do milênio.

Beck – Quem sabe canta a jogada. Nós dissemos: Beck ao vivo é um embuste. Os tolos e céticos insistiram em não ver o óbvio. Além de não ter voz, as composições de Beck simplesmente não funcionam ao vivo. Acompanhado por uma banda de um amadorismo atroz, Beck fez um show patético. Beck só conseguiu animar a platéia com Where It’s At, que de maneira sintomática foi a última música do show. E ninguém se indignou a pedir mais. O show do Beck foi para o Rock In Rio 3 o que a apresentação do Dee Lite foi para Rock In Rio 2. Uma lição para todos moderninhos aí fora. Mas enfim o que esperar de alguém que é fã de Mutantes?

Obs: De positivo não teve Caetano Veloso.

Foo Fighters – Finalmente algo com que a platéia pode se identificar: refrões grudentos e harmonias banais. Começando com Breakout e desfilando um hit atrás do outro o Foo Fighters fez o tinha que fazer. Mas cá entre nós se essa é uma das melhores bandas ao vivo da atualidade a coisa tá feia. Detalhe era aniversário de Dave Grohl com direito a bolo e apagar de velinhas. Pois de repente uma figura bizarra entra no palco para abraçar Dave. Sim! ela mesmo: Cássia "!&¨%¨*" Eller. Segurança! Segurança! Segurança!

R.E.M.- Como a banda jamais tinha se apresentado no Brasil a expectativa que cercava o show era imensa. O R.E.M. abriu os trabalhos com Finestwork Song e What's the Frequency Kenneth?, o que parecia ser um prenúncio de uma noite roqueira. Nada disso. Michael Stipe & Cia resolveram fazer uma espécie de apanhado geral da carreira, algo que funcionaria bem como coletânea, mas que para um festival como o Rock In Rio resultou em um show morno. Sobraram canções de todos os discos até mesmo Southern Central Rain, do segundo álbum da banda Reckoning foi lembrada. Por culpa do repertório equivocado o público se manifestou em poucas ocasiões com destaque, é claro, para Losing My Religion. O R.E.M. ainda tentou parecer simpático tomando caipirinha em pleno palco— o guitarrista Peter Buck com a cara inchada e visivelmente fora de forma deve ter aprovado o drink nacional— porém apelou para um manjado bis programado. Voltou ao palco para encerrrar o show com a indefectível It’s the End of the World as We Know It (but I Feel Fine). Na platéia um gosto de: "foi pra isso que a gente esperou tanto tempo?"

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