19/01 – Sexta-feira

A Noite do Metal
Testoterona não faltou. Muito menos água mineral. Mas mulher foi bem mais difícil de encontrar. É impressionante notar como o tempo passa e os metaleiros continuam iguais. Do primeiro Rock In Rio até agora continuam sempre escutando o mesmo som e as mesmas bandas. Provavelmente na 16º edição vão continuar escutando o Iron Maiden, mesmo que o Bruce Dickson esteja numa cadeira de rodas amparado por enfermeiros. Enfim, as pessoas têm problemas.

Sheik Tosado – O som desses caras pode enganar o pessoal do Abril Pro Rock, mas no Rock In Rio não colou. Se eles tirassem toda a influência de Chico Science do som da banda talvez até desse para aturar. Ao menos o show foi curto e não irritou muito a platéia, apenas o suficiente para banda levar uma pequena coleção de garrafas de plástico para casa.

Coeficiente de garrafas de plástico: alto.

Pavilhão 9 – Primeiro show que o Pavilhão 9 faz sem as máscaras. Do tipo: tá mas e daí? Possivelmente o patrão morreu e eles agora podem andar de novo pela periferia. Ou considerando a cara do vocalista foi a única maneira que ele arranjou para ganhar "as mina." Mas conseguiram o respeito do público quando chamaram Igor Cavalera e Andreas do Sepultura para tocarem "Mandando Bronca".

Coeficiente de garrafas de plástico: médio.

Queens of The Stone Age – Não ia dar certo e não deu. Apesar de uns críticos incensarem o QOTSA, a banda não estava no lugar certo, nem na hora certa. A banda não conseguiu agradar o público metaleiro e teve uma recepção fria. Nem mesmo quando o guitarrista e vocalista Josh Homme tocou "Supa Scoopa and Mighty Scoop" de sua antiga banda Kyuss, conseguiu levantar a platéia. Mas graças ao baixista Nick Oliveri, a apresentação do QOSTA foi o verdadeiro show do caralho. Literalmente, pois o baixista entrou completamente pelado no palco e depois da apresentação da banda — que contou no final com a participação de uma roda de capoeira(?!)— acabou detido pelo juizado de menores. Sendo que o baixista Flea do Red Hot Chili Peppers fez a mesma coisa alguns anos atrás num Hollywood Rock e no Woodstock 99 e nada aconteceu. Simplesmente patético.

Coeficiente de garrafas de plástico: médio, crescendo bastante no final.

Sepultura – Com mais de três horas de atraso finalmente começa a tal noite do metal. O Sepultura já provou que a decisão mais acertada que eles fizeram na carreira foi ter se livrado do vocalista Max Cavalera, afinal qualquer um que traga a influência de Carlinhos Brown é um ser no mínimo suspeito. A banda fez o show competente de sempre e levantou o público pela primeira vez na noite. Mas o novo material do álbum Nation não convenceu.

Coeficiente de garrafas de plástico: nenhum, quem pedia água era o público, que desde que o mala Carlinhos Brown reclamou que isso dispersava o espetáculo, nunca mais jogaram água no público durante os shows. Lamentável.

Rob Halford – A "rainha" do metal. Rob "roscão"Halford ex-vocalista do Judas Priest fez um show de metal clássico que com certeza agradou os iniciados no gênero. Detalhe: Halford raras vezes saiu da frente do palco, pois estava acompanhando as letras, como Ozzy Osborne costuma fazer, por um teleprompter. Sabe como é: a idade já está pesando e todos aqueles anos de excessos, Rock’n’Roll e saunas gays devem ter queimado os neurônios de Halford. Para não dizer outra coisa.

Coeficiente de garrafas de plástico: pequeno, o que poderia acontecer é um fã mais afoito jogar um supositório no palco...

Iron Maiden – O INSS do rock'n'roll está chamando esses caras faz tempo. Mas como uísque 18 anos está muito caro eles sempre voltam para faturar em cima de fãs incautos. Os bons tempos do Iron já se foram, não que o público pareça se importar muito com isso. E querem saber o Paul Di’Anno está atualmente em melhor forma do que o Bruce Dickinson. Pois se é verdade que a banda gravou um DVD do show no Rock In Rio metade dos vocais de Bruce terão de ser refeitos em estúdio.

Pequena nota sobre a Tenda Brasil: Num dos intervalos do palco mundo, Supla, ele mesmo, se apresentou na Tenda Brasil tendo seu pai, o Senador Eduardo Suplicy, visivelmente constrangido, na platéia. Suplicy devia estar pensando: tanto dinheiro investido para nada... Supla cantou até clássicos de sua antiga banda Tókio, como Esses Humanos. O gozado é o seguinte: depois de viver durante anos nos EUA reparem que Supla só resolveu voltar ao Brasil com a vitória de Marta Suplicy em São Paulo. Suspeito, muito suspeito...

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