10.000 Destinos - Ao Vivo - Engenheiros do Hawaii

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Os Engenheiros do Hawaii competem com os Paralamas do Sucesso na categoria banda de rock dos anos 80 com mais discos ao vivo lançados. Ambos tem três álbuns gravados ao vivo, os Paralamas ainda podem usar a desculpa de um deles ser um álbum acústico. Os Engenheiros nem isso.

10.000 Destinos é justamente o terceiro álbum ao vivo dos Engenheiros, os anteriores foram: Alívio Imediato(89) e o semi-acústico "Filmes de Guerra Canções de Amor"(93). Para este álbum o único membro original remanescente, Humberto Gessinger, montou uma espécie de banda cover dos Engenheiros do Hawaii  e não parece se incomodar com o fato de ficar fazendo um xerox imperfeito de si mesmo.

Segundo consta a banda vem lançado um disco ao vivo a cada três álbuns de estúdio, inspirado na banda de rock canadense Rush(argh!). Ok, cada um tem a pretensão que bem entende, mas pelo menos o Rush variava o repertório de um álbum para o outro. Já no caso dos Engenheiros, a coisa é bem diferente. São basicamente as mesmas músicas de sempre: "Infinita Highway", "Toda Forma De Poder", "Ouça O Que Eu Digo, Não Ouça Ninguém" e "Terra De Gigantes" etc. Sem contar que quem viu um show dos Engenheiros viu todos. Somente a esperança de ver o Humberto Gessinger cair e quebrar o seu baixo de novo, como ele fez uma vez no Canecão, no Rio de Janeiro, justifique que as pessoas continuem indo aos shows da banda.

De novidade mesmo em 10.000 Destinos apenas uma versão de "Rádio Pirata", aquela mesmo do RPM, com participação de Paulo Ricardo e tudo mais. Diga-se de passagem essa aproximação dos Engenheiros com o pessoal do RPM não é de agora, o Fernando Deluqui andou tocando com a banda na época do álbum "Simples Coração". Mais uma prova cabal que esse pessoal dos anos oitenta só anda em bandos e possivelmente se reproduz em cativeiro.

Enfim é interessante notar que depois do lançamento desse CD, os Engenheiros sairam novamente em turnê para promover o álbum. O Brasil deve ser o único lugar no mundo onde bandas de rock e artistas, em geral, saem em turnê para promover um disco ao vivo. O quê, cá entre nós, não tem fundamento algum.

Até se entende que a principal fonte de renda do músico brasileiro são as apresentações ao vivo, e por isso a necessidade de estar sempre na estrada. Isso sem contar que o recebimento de direitos autorais são uma piada por aqui. A Argentina, por exemplo, paga muito melhor direitos autorais que o Brasil. E essa é a principal razão para que grupos como Paralamas e Skank terem investido no mercado latino. Agora pensem comigo: se sua principal fonte de dinheiro são shows e apresentações, qual o interesse em gravar discos ao vivo, senão dar dinheiro para as grandes gravadoras? Afinal o músico não ganha praticamente nada com esse tipo de álbum, uma vez que não existem novos direitos autorais a serem negociados. E pelo mesmo motivo os discos ao vivo são baratos e dificilmente dão prejuízo.

Em suma: um disco ao vivo é como presente de empregado para o chefe. É um disco de peão, de pelego...

Saulo Gomes