Lou Reed & Metallica – Lulu

Loutallica

Lou Reed. Metallica. Sério? Vocês estão brincando comigo. Seria esse um dos prenúncios do apocalipse? A única coisa que Lou Reed e o pessoal do Metallica tem em comum é o alcoolismo. Mas mesmo isso é coisa do passado, pois ambas partes supostamente pararam de beber…E reuniões de ex-alcoólatras, nada anônimos, não poderiam ser mais improdutivas do que esse CD....

A idéia de uma “colaboração”, termo que nesse caso deve ser usado com certa parcimônia, surgiu depois da apresentação de Lou Reed acompanhado pelo Metallica no Rock & Roll Hall of Fame em 2009. Show, que nem de longe indicaria que uma parceria entre ambos fosse algo viável ou, sinceramente, necessário.

O resultado dessa “colaboração”, vamos chamar de Loutallica, é mais ou menos o seguinte: o Metallica faz uma base que soa como uma demo tape, algo feito sem muito esforço ou interesse, e Lou Reed canta, fala sério, recita, quiçá declama um texto qualquer em cima. As duas partes pouco interagem e são quase que opostas. Tipo, não era assim desde o começo?

Detalhe: os “vocais” de Reed foram mixados muito mais alto que os outros instrumentos, sabe lá por qual razão. Mas existe mesmo alguma razão para um álbum como esse?

Sendo que de vez enquanto James Hetfield do Metallica vai fazer backing vocals e cantar alguns refrões. O ouvinte pode até se perguntar que som estranho é esse saindo dos alto-falantes? É o som do constrangimento. Acredite...

E quem imaginaria que James ainda poderia se constranger com alguma coisa? Depois daquele papelão que o baterista Lars Ulrich fez com o Napster, crianças procurem no google para saber o que foi isso, ou por causa daquela excrescência chamada Death Magnetic?

As letras do álbum, todas escritas por Reed, foram inspiradas nas obras Earth Spirit e Pandora’s Box do dramaturgo alemão Frank Wedekind, que é obscuro até para quem entende do assunto... O curioso é que nem Reed parece ter nada em comum com Wedekind. O Metallica então, nem se fala...

Mas vamos usar a referência mitológica da Caixa de Pandora citada na obra de Wedekind para explicar esse álbum: quem abrir a Caixa de Pandora supostamente libera todos os males do mundo. No caso desse álbum, fruto de uma de uma reunião pouco promissora e impensada, você tem tudo de ruim e nada de bom... E podem esquecer a esperança, essa abandonou o barco depois da primeira música...

Enfim esse Lulu, em outros tempos, poderia ser considerado um suicídio comercial. Mas como ninguém mais compra CDs, a coisa toda parece sem propósito. Tipo, valeu pela tentativa, mas não precisa tentar de novo... A parte do fiasco comercial foi fácil de alcançar. Mas quanto ao suicídio? ainda é uma opção?

Pedro Camacho

P.S.: Outra coisa que Lou Reed e Metallica tem em comum: ambos não fazem um álbum que preste desde 1989 e aparentemente vai continuar sendo assim...

Faixas:
01. Brandenburg Gate (4:19)
02. The View (5:17)
03. Pumping Blood (7:24)
04. Mistress Dread (6:52)
05. Iced Honey (4:36)
06. Cheat On Me (11:26)
07. Frustration (8:33)
08. Little Dog (8:01)
09. Dragon (11:08)
10. Junior Dad (19:28)

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