Marisa Monte - Universo Particular - Porto Alegre - 8/12/2007

Marisa Monte Show em Porto Alegre - 8/12 Marisa Monte Show em Porto Alegre - 8/12 Marisa Monte Show em Porto Alegre - 8/12 Marisa Monte Show em Porto Alegre - 8/12 Marisa Monte Show em Porto Alegre - 8/12 Marisa Monte Show em Porto Alegre - 8/12

Marisa Monte acha que é uma diva. O público também acredita nessa falácia. Menos, é claro, ZeroZen. A verdade é que para atingir essa posição é preciso anos e anos de bons trabalhos prestados à causa da música. Por favor... ainda é muito cedo para Marisa pensar em se aposentar em vida. É muito cedo para ela encenar o papel de funcionária pública número da MPB (se bem que esse cargo já pertence a Gal Costa, mas esta é outra história).

O show de Marisa Monte foi realizado no Teatro do Bourbon Country. Bem, para quem não conhece o lugar saiba que ele possui 4.100 m² distribuídos em quatro andares. Ou seja, no local a "platéia alta" não é eufemismo. Nas últimas filas, mais um pouco e o sujeito se levanta e bate a cabeça no teto....

Depois de um pequeno atraso Marisa Monte entrou no palco. Porém, as luzes não foram acesas. Ela cantou no escuro "Infinito Particular". Bem, não dá para negar que foi um momento de gênio. Afinal de contas, essa música é tão ruim que Marisa deve ter vergonha de cantar em público. Depois, as luzes se acendem e a cantora emenda "Universo ao Meu Redor".

Neste momento, o público finalmente consegue enxergar o palco. E começam as surpresas. Marisa está em um elevado, bem distante do público. Permanece sentada tocando violão. A banda tem no mínimo uma configuração curiosa: Dadi (baixo), Mauro Diniz (cavaquinho), Pedro Baby (violão), Carlos Trilha (teclados), Marcelo Costa (bateria), Maico Lopes (trumpete), Pedro Mibielli (violino), Marcos Ribeiro (cello) e Juliano Barbosa (fagote).

Por incrível que pareça, com o uso do fagote, do trumpete e do violino os arranjos ganham muito em complexidade. Só mesmo no Brasil, as pessoas gastam horas e mais horas no estúdio para produzir um som com menos recursos do que no show ao vivo...

O show prosseguiu de forma surpreendente. O motivo? Bem, a turnê Universo Particular deveria mostrar boa parte das 27 canções dos dois álbuns lançados simultaneamente pela cantora: Universo ao Meu Redor e Infinito Particular. Porém, foram apenas oito canções dos dois últimos discos. No restante do tempo, Marisa revisitou sucesso da carreira e cantou músicas dos Tribalistas e da Timbalada.

A ZeroZen se recusa a tecer comentários sobre as músicas dos Tribalistas. Seria interessante colocar algum aviso antes de executar qualquer canção dessa banda. Tudo para proteger os ouvidos dos inocentes. Na mesma linha do puro mau gosto, Marisa Monte transformou Fica me pedindo pra voltar, da Timbalada, em uma guarânia (?!), com um resultado final bizarro.

O show seguiu com um estranhamento entre cantora e platéia. Marisa Monte não quer saber de interagir e ficar em um tablado alto e distante do público não ajuda nada. Diga-se em defesa da cantora que, pelo menos em Porto Alegre, essas atitude é justificada. Como sempre os idiotas de plantão berravam as banalidades. Porém, um fã mais afoito resolveu entregar flores.

O que ele fez? Esperou Marisa descer do tablado. Em um dos raros momentos onde a cantora se aproxima e tenta interagir um pouco mais com o público, o basbaque pega e arremessa um buquê de flores em direção a Marisa Monte. Vejam bem, o verbo não foi empregado incorretamente. Ele jogou mesmo o ramo de flores mirando na testa da cantora, justamente no momento em que ela estava cantando. Com um rápido gesto de corpo, a Marisa evitou de levar um buquê de flores e ainda teve presença de espírito para dizer "obrigada".

Ainda é preciso falar sobre a cenografia do show. Sem dúvida uma das coisas mais ridículas já vistas em teritório nacional. A lateral do palco é composta de estruturas móveis que ficam indo e vindo durante as músicas sem que haja qualquer motivo lógico para isso. A iluminação é pobre e monótona. Por fim, não dá para deixar de destacar a obra Levitação Cúbica do artista plástico Franklin Cassaro, que é usada durante a canção Meu Canário. Para resumir, se Marisa Monte aposta neste tipo de artefato para movimentar o show, então é melhor ela revisar seus parâmetros ou começar a trocar de amigos...

O show de Marisa Monte somados os prós e contra foi morno. Na grande maioria do tempo a platéia permaneceu inerte e sonolenta. Somente em dois momentos ficou claro por que a cantora ainda é a melhor de sua geração, embora seja incapaz de fazer um disco que preste. A versão de Dança da Solidão de Paulinho da Viola foi excelente, bem como a interpretação de Alta Noite. Não por acaso, ambas as músicas receberam uma forte ovação do público. Ao que tudo indica, o futuro de Marisa permanece no seu passado.

O show foi encerrado com Marisa Monte cantando "Amor I Love You" à capela e no escuro. Lentamente, ela sai do palco e deixa a platéia cantando sozinha. Teria funcionado melhor se um roadie não tivesse acendido uma luz para a cantora não tropeçar ao sair do palco. Enfim, mesmo com um show melhor do que o disco Marisa segue devendo um trabalho com mais consistência.

Da reportagem local

Set List (*)

• Infinito particular
• Universo ao meu redor
• Carnavália
• Vilarejo
• Aconteceu
• Eu não sou da sua rua
• Passe em casa
• Maria de verdade
• Carnalismo
• Alta noite
• Satisfeito
• Dança da solidão
• Meu canário
• Segue o seco
• Beija eu
• Fica me pedindo pra voltar (Timbalada)
• Até parece
• Pra ser sincero
• Tema de amor
• Velha infância

Bis
• Não é proibido
• Não vá embora
• Já sei namorar
• Amor I love you

(*) Se houver erros, eles foram causados pela audição de músicas dos tribalistas. Este tipo de som produz efeitos nocivos nos articulistas da ZeroZen.