VMB 2006: O vídeo é uma mídia ruim

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Para dar mais um exemplo da decadência da inexorável da ZeroZen, este ano nós não assistimos ao VMB 2006. Em primeiro lugar por motivos profissionais, nos vimos obrigados a assistir ao debate entre os candidatos à presidência, um dos mais chatos da história da nova república. Onde, literalmente, foram feitas perguntas para as paredes. E havia uma boa chance das paredes serem mais inteligentes que os candidatos ali presentes.

E em segundo e mais importante: a MTV está, temporariamente, fora da grade de canais da nossa provedora de TV a cabo. Para implantação do sistema MMDS Digital (serviço de distribuição de sinais por onda de rádio multiponto multicanal). Detalhe: é só a MTV e o canal USA. Se fosse outro canal, a gente até ligaria reclamando para nossa operadora, aquela cujo nome tem três letras, mas cuja qualidade pode ser resumida em duas. Mas como é a MTV. Ninguém se importa.

Assim, não só nós não vimos o VMB, como não tínhamos a menor idéia de que já era época de um novo VMB!!! Alguém deve ter se esquecido de encaminhar para nós esse memorando da internet. Sério, o único indicativo recente que o VMB ainda existia, foi um anuncio publicitário de três páginas na VEJA, aquela revista que desinforma e solta tinta, que, diga-se de passagem, nós só fomos ler depois da realização do VMB... Sabe como é o VMB faz parte do programa assistencial do governo Lula: Irrelevância Zero. Nem uma janela na Rede TV hoje em dia o evento rende.

Para não dizer que não falamos no evento. Vamos fazer um pequeno exercício de adivinhação intitulado: “Coisas que temos certeza que aconteceram no VMB deste ano, mesmo sem ter visto”.
1. Pitty ganhou um prêmio qualquer.
2. Marcelo D2 ganhou um prêmio qualquer.
3. Alguém que trabalha na MTV ganhou um prêmio qualquer.
4. Uma banda dos anos noventa ou oitenta dividiu o palco com uma banda ou artista contemporâneo para um dueto.
5. Apresentadores mal-ensaiados e alienígenas ao público da MTV se revezaram no palco sem conseguirem disfarçar o constrangimento e a inadequação.
6. As piadas não tiveram graça. Na verdade muitas vezes houve dúvidas se eram piadas.
7. A apresentação do evento foi pontuada por um exercício de metalinguagem qualquer que ninguém entendeu.

Erramos em alguma coisa?

Enfim vamos encarar os fatos: a MTV é um veículo decadente e em franco processo de extinção. O.K., extinção é meio forte. Digamos ‘realocação recursos’. O problema é simples: o vídeo-clip é uma mídia ruim. É algo datado, ultrapassado e convenhamos só idiotas perdem tempo assistindo.

O vídeo-clip como peça promocional, que é do que estamos falando aqui, sempre existirá. Mas sua importância será cada vez menor. Não é a toa que MTV americana passa qualquer coisa menos vídeo-clips. A internet funciona hoje como um meio muito mais barato e rápido para divulgação de vídeos musicais. E o mais importante: sem jabá. É como dizia aquela música: se vídeo matou o radiostar, a internet matou o videostar.

Ninguém precisa mais da MTV. As gravadoras certamente não. Os telespectadores certamente não. Os consumidores, do que quer que seja, muito menos. Tirando comunicólogos e formandos em comunicação social ninguém vai sentir falta da MTV.

A MTV brasileira vai continuar veiculando comerciais de cerveja durante toda a sua programação, inclusive pela manhã, para pagar as contas e dando moral de cueca, como certo partido político que conhecemos. Inclusive se a MTV descolasse um programa assistencialista e leitoreiro para o nordeste ela seria igual ao PT. E se a MTV descolasse uma sessão de filmes dublados seria igual a todas outras emissoras...

Curtas

Daniela Cicarelli passou de quase dona da MTV a condição de mobília: está na casa há tanto tempo que ninguém mais nota. Mesma condição em que se encontra, por exemplo, sua colega Marina Person. Depois de se tornar outra vez assunto nacional, a primeira vez depois do fim de seu casamento de interesse com Ronaldo, com sua fita de vídeo, que não, não foi um golpe publicitário de alguém desesperada para chamar a atenção. Sua participação como apresentadora do VMB, junto com Cazé Peçanha e Marcos Mion, assim como sua fita de vídeo, foi mal ensaiada e visivelmente orquestrada.

Num dos momentos mais constrangedores da noite, Cicarelli se dirigiu à platéia com sua modéstia característica: "Eu não acredito. Vocês vão tomar conta de suas próprias vidas e deixar eu (sic) viver a minha em paz?" Vamos deixar uma coisa bem clara: Cicarelli, tu é tão importante quanto a próxima fita de sexo que vazar para a internet. Sendo que até a Paris Hilton mostrou maior talento para a coisa...

Ainda Cicarelli. A MTV tentou de todas as formas lucrar com a atenção gerada pela fita de sexo de sua apresentadora, exatamente como tentou na época do casamento com Ronaldo. Tentando desesperadamente alcançar aqueles ¾ de um traço de audiência para livrar a cara dos patrocinadores. Optando no final do VMB por simplesmente constrangê-la mais ainda, fazendo-a se vestir com uma fantasia de pata. Sem qualquer outra razão aparente, a não ser ridicularizá-la. Gente fina é outra coisa...

Falando em Mion e Cazé... Quantas vezes a MTV vai repetir essa bobagem de primeiro beijo gay da TV? Todos anos parece haver um novo primeiro beijo gay na emissora. Parafraseando o Pasquim, sim outro fruto da nossa decadência, vamos deixar uma coisa bem clara: todos envolvidos de alguma forma com a MTV são GAYS, com exceção daqueles que são heterossexuais. Sério. Quem se importa?

Lobão, já foi alguém meio ZeroZen, em constante desarmonia com a natureza, mas entregou os pontos e resolveu socializar com o pessoal da MTV. A quem o próprio já acusou de cobrar jabá em entrevista à Folha de São Paulo há alguns anos. Não só apresentou um prêmio, ao lado de Penelope “bichinho da goiaba” Nova, esta vestida de chapeuzinho vermelho. Como vai gravar um acústico, a pior das heresias, para emissora. Lobão, visivelmente constrangido e com dificuldade de se manter no texto, pagou um dos primeiros micos da noite. É bom ir se acostumando, pois uma vez que se tolera o convívio dessa gente não há mais volta.

Caetano Veloso foi protagonista, no VMB de 2004, de um dos melhores esporros televisivos já presenciados na TV brasileira. No entanto, de forma complacente e baiana, resolveu voltar à emissora como se nada tivesse acontecido para vender seu peixe: o equivocado disco “Cê”. Teria feito melhor se nunca mais tivesse pisado os pés na emissora. Mas como Caetano já brigou, de uma forma ou de outra, com todos os veículos de comunicação relevantes do país. O último refúgio de bajuladores que sobrou foi mesmo a MTV... Fazer o quê?

Como atração internacional a MTV trouxe ao VMB The Living Things, uma banda americana que deve passar de madruga na MTV 3 gringa e olhe lá.  Eles fazem uma mistura de glam rock com letras politizadas. Com direito a caras e bocas e foto do presidente George W. Bush queimada no palco. Sério. Vale notar que o vocalista Lillian Berlin é a cara do filho bastardo do Mick Jagger... Quer dizer um dos muitos.

Nem o pessoal do Pânico conseguiu fazer uma piada decente com a MTV. Sério, o quão difícil pode ser uma coisa dessas? A MTV é a própria emissora da piada pronta. Mas nós até entendemos: é mais fácil fazer piadas com pessoas, digo, criaturas que são ao menos pseudo-celebridades.

O que resta para Cazé, Mion e Cicarelli depois de apresentarem o VMB deste ano? Nada muito promissor. Cazé e Mion já tiveram suas aventuras no mundo da televisão de verdade e elas não foram bem sucedidas. Cicarelli está naquela fase em que ela precisa rever os seus conceitos, e rápido.  Sua carreira de manequim/modelo e apresentadora certamente já viu dias melhores e daqui para frente é só descida. Vale lembrar que só um canal, hoje em dia, se presta a contratar os demissionários da emissora: o Multishow, reconhecidamente a UTI( última tentativa do indivíduo) para esse pessoal.

Vale destacar a participação da dupla mais inusitada de todos os VMBs: Fernando "Remedinhos" Vanucci e Bruna Surfistinha. O apresentador que se transfomou em um dos sucessos do You Tube, depois de apresentar um programa caindo pelas tabelas, resolveu botar a boca no microfone(no bom sentido). Falou muito mais que sua parceira de TV. Já Bruna, coloca a boca no microfone, mas o sujeito precisa pagar por isso. Curiosamente, a escritora parece ter sido convocada para a festa para desvirginar alguns VJs da casa. Algo difícil de acontecer, pois a antiga garota de programa começou a sentir os efeitos da vida de casada e - se continuar nesse ritmo - poderá participar da Fat Family daqui a alguns anos.

Da reportagem Local