Porto Idoso Alegre

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Capital abriga mais um dos vovôs-zumbis do rock, Rick Wakeman

Nóis ser tudo jeca. Nóis ser atrasado. Licho di gringu eh luchu prá nóis.

Imagine que você fez sucesso nos anos 70. Passou os 80 queimando seu filme e zerou a conta bancária nos 90. O que fazer agora para ganhar grana e pagar o uísque das crianças? Fácil: faça uma tour pelo terceiro mundo. Creedance Clearwater Revisisted e Rick Wakeman, tudo em menos de uma mês, indicam isso.

Sobre o Creedance nem precisa falar, sem John Fogerty não vale— fora que todas as músicas são iguais... roulling down the ever seen the rain... . Falcatrua absoluta, pior que a British Rock Symphony. Ficamos por aqui para preservar o cérebro do leitor.

Mas maior prova dessa postura jeca apareceu no show de Rick Wakeman. A Xuxa progressiva ainda tentou fazer uma versão menos pomposa (visualmente) e mais viajandona (musicalmente) da primeira tour Rumo ao Centro da Terra—- também chamada de "Indo para o fundo do poço"— mas não rolou. Além de músicos posers, um baterista com cara de dono de bar bebeum, um clone do Ace Frehley na guitarra, um bono vox insosso nos vocais e um baixista que só sabia tomar cerveja, Rick "WakeupI'mdead" viajou na maionese o tempo todo, cada solo era um pretexto para horas de improvisos tediosos. Elevando, e muito, o coeficiente morfeu da noite.

Ainda bem que o show foi no teatro do Sesi, dando chance para uma bela soneca. Pelo menos Rick Wakeman só tocou Starship Trooper do Yes, não chafurdou no passado. Isso que Starship nem é de sua autoria. Como Mr. Wakeman agora é um ser sóbrio, isso deve ser algum resquício de um ácido ruim.

O show valeu a pena para quem conseguiu convite de graça, o caso deste que vós fala, e dormiu como um bebê com uma bela sinfonia para ninar — até porque, como se sabe, os Ramones mataram o rock (?) progressivo no final dos anos 70, pena que não foram conferir o cadáver para ver se está realmente morto—. No mais, fica um lamento pela turma que deixou no mínimo 1/3 de um salário mínimo para alimentar a família um velho inglês decadente.

Pedro Leal