The Wallflowers - Bringing Down the Horse

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O Filho Bastardo de Bruce Springteen

Desconfie de toda resenha musical que comece com a vendagem do disco. É aquele tipo de argumento: se todo mundo está comprando, por que você não? O segundo disco da banda americana The Wallflowers, liderada por Jakob Dylan, filho de Bob Dylan, Bringing Down the Horse, vendeu 3 milhões de cópias só nos Estados Unidos. Mas e daí? Bob Dylan nunca teve um disco que tenha vendido individualmente esta marca. Não vai ser por isso que alguém me convencerá que o The Wallflowers é a próxima salvação da rock americano.

O Wallflowers é meio que um objeto não-identificado nas paradas de sucesso. Afinal trata-se de um típico representante do folk/rock americano numa parada dominada por Prodigy’s, Spice Girl’s e Puffs Daddy’s da vida. A pergunta que fica é: quem hoje em dia escuta esse tipo de música?

O primeiro disco dos caras de 92 foi um completo fracasso. A banda neste meio tempo se desfez e da formação original sobraram apenas Jakob e o guitarrista Michael Wrad. Então, para não correr o risco de fazer fiasco de novo, em Bringing Down the Horse, Jakob resolveu cercar-se de músicos consagrados, muitos das quais já tinham trabalhado com seu pai, como o lendário Sam Phillips e T-Bone Burnett, que também foi produtor do disco.

Musicalmente Jakob Dylan parece ter sido muito mais influenciado por Bruce "The Boss" Springteen do que pelo seu pai. Jakob canta e escreve letras como Bruce. E o Wallflowers faz o tipo de música que Bruce sempre fez.

A participação do Wallflowers no MTV Music Awards tocando "One Headlight" com Bruce pareceu um verdadeiro encontro de pai e filho. Humm ... dá até para desconfiar. Aquele negócio do divórcio de Dylan na década de setenta...

Mas deixando pra trás essas picuinhas do passado, e voltando ao CD em questão, Bringing Down the Horse não é ruim. Também não é nada muito novo ou excepcional. Tem alguns bons momentos, como a balada "6th Avenue Heartache", e alguns rocks tradicionais que não fazem feio: "The Diference" e "God don’t make lonely girls". Tudo muito competente, mas nada que surpreenda muito. Já "Three Marlenas" é um misto de Sweet Jane do Velvet Underground com um arranjo de cordas que lembra All I Want, do U2.

Não é grande coisa, mas podia ser pior. Pelo menos é melhor que um Counting Crowes, por exemplo, o que é pouco mais que nada.

Saulo Gomes