A independência da ZeroZen

De: Sandro Dutra Ribeiro
Para: Pedro Camacho

É com certa resistência que esta mensagem é enviada, até mesmo porque parece que o site Zero Zen sobrevive exatamente em virtude das críticas e comentários escatológicos e pretensamente verdadeiros de seus colaboradores. Mas os textos sobre os álbuns Amnesiac e Hail to the Thief, ambos do Radiohead, passaram dos limites.

Obviamente todos podem e devem expressar sua opinião, mas de maneira civilizada e não ofensiva, ao menos em parâmetros razoáveis. Ou seja, não é educado e nem inteligente qualificar qualquer obra como sendo dirigida aos chatos. Estupidez e falta de criatividade é criticar algo sem analisar minimamente sua motivação, sem justificar opiniões, utilizando expressões engraçadinhas e manjadas para ganhar a torcida de maneira fácil e enganosa.

Massificação e insanidade coletiva é continuar pensando e vivendo como se estivesse no passado e endeusando os finados, é ter aquela atitude obtusa típica de que o risco e a experiência são pecados inafiançáveis. Isto é, a obra que não segue o padrão traçado há pelo menos vinte anos deve ser execrada. Justifica-se tal afirmação pelo simples fato de não existir resenhas dos discos de vacas sagradas do pop/rock em Zero Zen. Todos os artistas relativamente novos são tidos como lixo, desprovidos de qualquer talento e sem qualquer qualificação. É claro que a grande maioria é deplorável, mas a generalização, tratando a todos como uma massa unívoca é que é o perigo ao qual o Zero Zen submete seus leitores.

Quanto aos mortos nem se fala, deve-se ser respeitoso e não falar mal dos verdadeiros pilares da música, até o Leandro da dupla sertaneja deve ser aceitável atualmente. Por exemplo, o trabalho do Nirvana é sensacional, parece que os escribas de Zero Zen concordam com isso (senão haveria uma resenha malhando), mas, com certeza seriam os primeiros a chamar Kurt Cobain de amador e que sua banda chupava os Pixies se fossem escrever algo sobre Nevermind em 1991.

Se não gostam, não tiveram coragem de tecer nada sobre o assunto, oportunidade houve, até mesmo pelo recente lançamento da coletânea com o escopo de ganhar uns trocados. Ah, mas Kurt Cobain está morto, e o irreverente Zero Zen não pode ser desrespeitoso com os que não estão entre nós.

Esta mensagem não tem o escopo de discutir a qualidade da música do Radiohead. Realmente Thom Yorke e seus asseclas resolveram apostar em uma nova sonoridade que dividiu críticos e fãs. É evidente que gostar ou não faz parte, mas tanto a acolhida quanto a desaprovação de um trabalho devem ser feitos com argumentos racionais e que exponham o porquê do julgamento. Caso contrário, é o mesmo que um espertinho muderno e udigrudi denotar o Senhor Pedro Camacho de monótono e anacrônico por utilizar um disco de 1966 (Rubber Soul - Beatles) como paradigma de seu texto.

No mais, aqui está feito o desafio para que o citado Senhor Camacho se proponha a debater o assunto objeto desta mensagem na página, publicando a mesma integralmente. Fica a pergunta: até onde vai a coragem e a independência de Zero Zen?

Este é o mais maravilhoso e perfeito dos mundos. O ano começou com um dos melhores verões do ano no sul da Ásia. Um tsunami proporcionou talvez as melhores ondas para surfistas de todos os tempos. Foi algo lindo. A pessoa poderia começar a surfar na Indonésia e só parar na Tailândia.

Além do mais, no dia seguinte a onda gigante que devastou boa parte da Índia, Indonésia e Tailândia já tinham turistas tomando banho de sol no que restou da praia. Isso sim é que é solidariedade. As máquinas passando para recolher os cadáveres enquanto os turistas faziam companhia para os defuntos e ainda pegavam um solzinho.

Porém, a coluna deste mês é sobre algo sério. A independência da ZeroZen. Como se pode perceber pelo sucinto e-mail do usuário, o articulista Pedro Camacho gosta de proteger os poderosos. Não há crítica contra os Beatles, uma banda decadente que há mais 10 anos não lançam um disco inédito. Somente coletâneas. É realmente lamentável.

Por isso, essa facilidade em criticar uma banda obscura, sem qualquer relevância, completamente desinteressante como o Radiohead. Para que perder tempo? Não há dúvida, se o Radiohead fosse um time de futebol ele seria o Íbis da música.

Portanto, está na hora da ZeroZen voltar a atacar os ricos e poderosos. E o senhor Pedro Camacho tem de parar de fazer críticas fáceis. Até por que bater em cachorro morto como o Radiohead não tem a menor graça...

Sejam felizes, pois este é o melhor dos mundos possíveis.

H. Pangloss