O aprendiz

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História esquisita e implausível sobre um garoto (Brad Renfro) que desenvolve uma estranha amizade com um ex-oficial nazista (Ian McKellen)— no decorrer do filme fica claro que o garoto tem problemas— e que em troca do seu silêncio, pede ao nazista que lhe conte histórias "verdadeiras" sobre a segunda guerra mundial.

Esse filme até consegue enganar o espectador nos momentos iniciais. Mas depois que vamos conhecendo melhor os personagens, percebe-se que há algo de muito errado nessa história.

O filme tem coincidências demais, é como dizia Billy Wilder:"Os acasos só podem existir no início de uma história . No terceiro ato, os acasos não têm mais nada a dizer".

A começar com o encontro do garoto com o Nazista no ônibus. O fato dele reconhecer um nazista de uma foto tirada, no mínimo cinqüenta anos atrás, só porque gosta de história e andou lendo alguns livros sobre o assunto na biblioteca da escola, é um absurdo. Isso simplesmente não acontece.

Outra coisa estranha: desde quando um nazista procurado por seus crimes de guerra escolheria os Estados Unidos para se esconder? Se ele tivesse vindo para o a América Latina, particularmente, para o Brasil, o Paraguai ou Argentina as coisas fariam mais sentido. Em determinado momento o garoto chantageia o ex-nazista dizendo que tem suas impressões digitais, tiradas da caixa correio. Nenhum nazista procurado, ou não, entraria nos EUA com as próprias digitais, as queimaria ou as modificaria através de um cirurgia plástica. Santa ingenuidade...

Tirando todas essas coincidências e pequenas inverossimilhanças, perto do final o diretor e roteirista Bryan Singer, que dirigiu o interessante Os Suspeitos (Usual Suspects) de 95, ainda comete uma apelação maior: depois de sofrer um ataque cardíaco o personagem de Ian McKellen é levado para um hospital onde é salvo. Mas no que pode ser chamado de inacreditável falta de sorte, cai num quarto onde, justamente, repousa um sobrevivente dos campos de concentração nazistas, que logo reconhece nele o assassino de sua mulher e filha. É simplesmente coincidência demais, se existe uma cota por filme para esse tipo de coisa, nesse exato momento, 'O aprendiz' extrapolou todos os limites permitidos.

Se esse filme tivesse a pretensão de passar alguma moral seria a seguinte: não tente aprender nada fora da escola e do que está escritos nos livros oficiais. O conhecimento mata. Você acabará tendo problemas com seus pais, seu desempenho na escola cairá, você não conseguirá dormir, e o pior ficará impotente e poderá por fim até se envolver num crime. Já se você aplicar a eficiência nazista nos estudos, tudo vai voltar a ser como antes e você voltará a ser o primeiro aluno da classe. O filme é um elogio a alienação, a mensagem do filme parece ser: há coisas que é melhor não saber. E seguindo essa máxima, há filmes que é melhor simplesmente esquecer. O Aprendiz é um desses casos.

Saulo Gomes

(Apt pupil, EUA 1997) Direção: Bryan Singer. Elenco: Ian McKellen, Brad Rebnfro, Bruce Davison, Elias Koteas, David Schwimmer, Joshua"Dawnson’s Creek"Jackson que aparentemente esteve em todos os filmes feitos nos Eua no ano passado, acho que ele pretende substituir o Kevin Bacon naquele jogo de 6 graus de separação.

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