Brüno

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Brüno é a versão homossexual de Borat. Simples assim. O filme explora o último dos personagens criados por Sacha Baron Cohen para a série Da Ali G Show. A trama é banal. O fashionista austríaco gay depois de queimar a rosca, digo, o filme em seu país decide tentar a sorte nos Estados Unidos. Em tese, o objetivo do filme deveria ser esculhambar sem piedade o mundo da moda, o que, aliás, é desnecessário por que esse pessoal já faz um belo trabalho sozinho...

De qualquer forma, a ideia como sempre é enganar pessoas tacanhas usando um humor politicamente incorreto ao extremo. Brüno, por exemplo, gosta de dizer que é “o maior superstar austríaco desde Hitler”. Claro que no intuito de desvendar o American way of life o fashionista vai cometer uma gafe atrás da outra sempre acompanhado pelo seu fiel assistente Lutz (Gustaf Hammarsten).

Brüno tenta atuar em séries de tevê e resolve criar sua própria fita caseira de sexo destinada a “vazar” na Internet. Ele se esforça até mesmo para ser seqüestrado por terroristas. Detalhe: a cena é falsa. O suposto líder, Abu Aita, entrevistado por Sacha Baron Cohen não tinha nada a ver com nenhuma organização terrorista.

O problema é que a maioria das piadas não funcionam. O filme acaba sendo uma coleção de esquetes com poucos momentos realmente engraçados. Para piorar a situação, Brüno é um personagem arrogante e mimado. Era muito mais fácil para o público simpatizar com a humildade e falta de noção de Borat.

Em defesa de Sacha Baron Cohen é possível afirmar que o inexplicável sucesso de Borat, prejudicou a realização de Brüno. O ator se tornou conhecido demais, manjado demais. Assim, ficou mais difícil encontrar novas vítimas para as suas pegadinhas.

Apesar de tudo, Brüno conseguiu enganar Paula Abdul - o que não deve ser tão complicado assim - pois consegue fazer com que a ex-jurada de American Idol conceda uma entrevista sentada sobre um mexicano enquanto diz se importar com as minorias.

Outro momento interessante é quando Brüno participa da fashion week da Áustria vestindo um terno de velcro. Com isso ele vai se grudando em todos os vestidos e invade a passarela com uma criação, digamos assim, muito mais original do que as exibidas pelos estilistas profissionais.

O roteiro, infelizmente, perde pouco tempo para criticar o mundo da moda e desvia sua atenção para o culto as celebridades. Brüno chega a adotar uma criança estrangeira para seguir os passos de Angelina Jolie. Mas o resultado é catastrófico.

Os melhores momentos de Brüno surgem quando o personagem decide se transformar em um heterossexual. Ele recebe conselhos de um pastor evangélico, destrói uma festa de swing e - no insulto final - vira apresentador de luta livre, mas é confrontado por seu apaixonado assistente Lutz.Brüno deveria ser engraçado e constrangedor. Mas só se esforça no segundo quesito. Se em Borat, Sacha Baron Cohen tentava emular Sérgio Mallandro e João Kléber, agora ele está mais para Ivo Holanda. E isso não é necessariamente um elogio...

Jota Tavares

(Brüno, EUA, 2009), Direção: Larry Charles, Elenco: Sacha Baron Cohen, Gustaf Hammarsten, Clifford Bañagale, Chibundu Orukwowu, Chigozie Orukwowu, Josh Meyers, Bono, Chris Martin, Elton John, Slash, Snoop Dogg, Sting, Paula Abdul,Harrison Ford, Duração: 81 min.

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