Frida

A ZeroZen sabe, a ZeroZen diz. Ao fazer a crítica de Shakespeare Apaixonado foi explicado de maneira clara e direta os dois motivos que levaram Gwyneth Paltrow a ganhar o Oscar de melhor atriz. Portanto, se Salma Hayek quisesse faturar a estatueta dourada deveria seguir o mesmo caminho. E não é que em um momento de lucidez Salma resolveu interpretar Frida e finalmente mostrar todo o seu carisma?

Pois é. O problema é que ela não ganhou o Oscar. Porém, aí não é culpa da ZeroZen. Simplesmente falta um roteiro consistente sobre a vida da famosa pintora mexicana Frida Kahlo. Simplesmente sete pessoas deram palpites na trama. De Edward Norton a Walter Salles, tudo mundo resolveu meter a mão em Frida, no bom sentido é claro.

O fato é que a verdadeira Frida era feia, mas muito feia. Aliás, feia de lascar. Um bichinho mordedor. Para piorar as coisas, sofre um grave acidente de ônibus que causa danos irreversíveis em seu corpo. Depois de uma série de operações médicas equivocadas ela consegue andar ainda que de maneira trôpega e claudicante. Então resolve mostrar seus quadros ao famoso muralista Diego Rivera (Alfred Molina).

Diego e Frida se apaixonam. No filme é fácil de acreditar, afinal a heroína é Salma Hayek. Mas na vida real, Diego deve ter precisado de muita coragem e goró para tomar uma atitude corajosa dessas. Curiosamente, Diego se encanta pela arte de quinta categoria produzida por Frida. Eles se casam e passam a viver um conturbado romance por vários anos. Frida sofre com a infidelidade do marido, e expressa suas dores e problemas em sua pintura. É a fase onde as obras da artista são mais pontiagudas...

Frida se torna com o passar do tempo uma personalidade no mundo das artes no México, uma espécie de Carmem Miranda da pintura. Porém, com uma concorrência daquelas... O filme é errático e não consegue estabeler uma personalidade para Frida. O enfoque parece ser a vida sexual da pintora mexicana, que, diga-se de passagem, chegou a ter um caso com Leon Trotski (Geoffrey Rush), que era russo, mas com certeza não comia criancinhas. A canção dos créditos finais, Burn It Blue é executada por Caetano Veloso e pela cantora mexicana Lila Downs e concorreu ao Oscar. E, é claro, perdeu.

Paulo Pinheiro

(Frida, EUA, 2002), Direção: Julie Taymor, Roteiro: Rodrigo García, Diane Lake, Gregory Nava, Edward Norton, Walter Salles, Clancy Sigal e Anna Thomas, Elenco: Salma Hayek, Alfred Molina, Geoffrey Rush, Ashley Judd, Edward Norton, Antonio Banderas, Mía Maestro, Valeria Golino, Saffron Burrows, Roger Rees, Margarita Sanz, Patricia Reyes Spíndola, Diego Luna, Jorge Valdés García, Felipe Fulop, Duração: 118 min.

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