Gamer (2009)

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Hollywood sempre atacou aqueles que representaram ou representam uma ameaça ao cinema como entretenimento de massa. Não por acaso, são incontáveis os filmes criticando a televisão como veículo de comunicação. Apesar do cinema ser, em vários aspectos, muitas vezes tão nocivo quanto.

Por isso, não é de se estranhar que Hollywood tenha resolvido atacar os jogos eletrônicos. Hoje, um dos concorrentes diretos do cinema na chamada indústria de entretenimento. O problema que “Gamer” não é apenas ofensivo aos jogadores de games, mas toda a humanidade.

Não por caso, os ‘gamers’, jogadores, no filme são sempre mostrados como pessoas desprezíveis, invariavelmente filmados em fundos escuros e fazendo caretas grosseiras. Nem o clichê à tendência de obesidade mórbida é esquecido.

No filme, jogadores seriam capazes de controlar ‘online’ prisioneiros condenados à morte num jogo virtual chamado “Slayers”. Sendo que aquele que sobreviver a 30 partidas está livre.

A ação acompanha as últimas partidas de “Kable” (Gerard Butler), que está próximo de ganhar a liberdade. Mas, na verdade, tudo depende realmente do jogador (Simon) que está no comando de Kable, que é mostrado como uma celebridade. Já que todas as partidas são mostradas ao vivo pela televisão. Onde mais?.

A idéia de ‘seres humanos’ controlando outros ‘seres humanos’ numa espécie de jogo ‘deathmatch’ é algo muito além de qualquer vetor de basbaquice. E conhecendo a natureza humana, em particular a de jogadores de games, isso simplesmente não daria certo.

O roteiro até comenta que o “delay” entre a transmissão dos comandos e a reação do comandado, possivelmente tornaria tudo impraticável. Mas resolve mudar de assunto rápido. Sem falar, que algo assim rodaria em que versão do Windows?

Falando nisso, todo esse console, sistema operacional e rede social mirabolante é obra de um gênio da informática chamado “Ken Castle”, Michael C. Hall da série Dexter, que ao melhor estilo Bill Gates tem um plano de dominação mundial por trás de tudo.

Gamer é dirigido pela dupla Mark Neveldine e Brian Taylor, os mesmos do filme Crank, e tem a mesma edição nervosa deste. E apesar da história absurda e total inverossimilhança do roteiro, o filme é surpreendentemente bem produzido.

Ou seja, alguém realmente investiu tempo e dinheiro nessa bobagem. Com menos recursos, esse filme teria todos os elementos para se tornar um trash movie de culto. Mas como um improvável “blockbuster” certamente fica devendo e muito.

Saulo Gomes

P.S.: 1) Em uma cena capital do filme, “Kable” bebe uma garrafa de álcool, de no máximo 300 ml, vaga cambaleando pelo campo de batalha, se esquivando de tiros e explosões, até encontrar uma garagem. Para então vomitar, aparentemente só álcool, no tanque de combustível de um carro movido a etanol e depois urinar no mesmo. De alguma forma, a combinação mijo mais vômito é capaz de servir de combustível para o motor do carro. Como é que os ‘Mythbusters’ ainda não fizeram um programa sobre isso...

P.S.: 2) Agora um pouco de cultura nerd: na primeira seqüência de ação do filme parece haver uma referência ao “G-Man”— o cara com uma mala executiva passando incólume pelo meio de uma batalha de “deathmatch”— do jogo Half-Life.

(Gamer, USA, 2009) Direção: Mark Neveldine e Brian Taylor. Elenco: Gerard Butler, Amber Valletta, Michael C. Hall, Kyra Sedgwick, Logan Lerman, John Leguizamo, Logan Lerman, Alison Lohman, Terry Crews, Ramsey Moore, Ludacris, Keith Jardine. Duração: 95 min.

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