Gladiador

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Bons tempos aqueles do Império Romano. Tudo era paz e tranqüilidade. Todas as nações do mundo estavam aos seus pés (exceto, é claro, por uma pequena aldeia gaulesa). Mas para divertir a plebe entediada surgiram os jogos e com eles os gladiadores. Tudo não passava de uma espécie vale-tudo com mais emoção, uma luta livre dos ancestrais do Ted Boy Marino.

Talvez, bem-executada, a idéia de filmar essas lutas até à morte realizadas no Coliseu rendessem uma boa diversão na tela grande. Infelizmente, a Dreaworks, produtora de Steven Spielberg, resolveu confiar a tarefa ao decadente Ridley Scott. O resultado foi um filme pífio, claudicante e sem personalidade chamado Gladiador.

Tudo começa quando o General Maximus (Russel Crowe) está prestes a comandar a última batalha contra os bárbaros germânicos que ameaçam o Império Romano com sua cerveja ruim. O Imperador Marcus Aurelius (Richard Harris) próximo da morte observa a batalha e decide que Maximus será seu sucessor. Claro que o seu filho Commodus (interpretado de maneira patética por Joaquin Phoenix) não aceita muito bem a idéia.

Commodus resolve então despachar o velho para o Olimpo. Só que Maximus desconfia que há algo de podre e não é no reino da Dinamarca. Resultado? Commodus manda matar Maximus e toda a sua família. É claro que o mocinho da história escapa, mas a sua mulher e seu filho acabam sendo mortos crucificados e queimados na cruz.

A partir daí, Maximus foge, é capturado, feito escravo e treinado para ser um gladiador. Agora, sua missão é divertir as massas ou morrer, o que vier primeiro. Claro, que o ex-general do exército romano vai lutar e enfrentar vários inimigos para conseguir a tão sonhada vingança.

Em tese, tudo isso é o resumo de uma boa história de ação (inclusive, algumas lutas de Gladiador são realmente bem feitas), o problema ficou mesmo com o roteiro e com os desastrados toques de gênio de Ridley Scott. O diretor aterrissou no projeto porque foi chutado do filme I am Legend, da Warner. Quer dizer, isso não é propriamente a melhor referência. Scott insiste em cacoetes visuais, como o uso excessivo da câmera lenta, do tempo de Blade Runner e, o que é pior, não tem a menor habilidade para filmar cenas de batalhas. Por exemplo, o tão comentado combate inicial do filme é inacreditavelmente mal-dirigido. Não há qualquer emoção. A câmera está sempre colocada no lugar errado. Chega a dar saudade das cenas de luta de Coração Valente dirigido por Mel Gibson!

Para piorar as coisas, o ator Oliver Reed, que interpreta no filme o mercador de escravos Proximo, morreu a três semanas do término das filmagens. Curiosamente, Reed foi substituído por um dublê em algumas cenas e sua cabeça foi digitalizada em cima!! De qualquer maneira, isto obrigou uma série de mudanças no roteiro, que era reescrito poucas horas antes do começo das filmagens. Muito provavelmente isto influenciou no ritmo capenga de Gladiador. Há um excesso de cenas inúteis e irritantes e repetitivas tomadas com cores sépias, vermelho, verde e o que mais tiver em uma palheta de cores de um editor gráfico.

Outro problema de Gladiador é o elenco. Os atores, com exceção da encorpada irmã de Commodus, Lucilla (a dinamarquesa Connie Nielsen), estão péssimos. Russel Crowe faz a mesma coisa que Sylvester Stallone em Rambo e Rocky e já está sendo considerado um gênio da arte de atuar. Coisas de Hollywood. Joaquin Phoenix é um vilão nada vilanesco, o que contribui para o fracasso do filme.

Verdade seja dita: com o sucesso do filme, Ridley Scott ressuscitou um gênero de filme que parecia morto e sepultado. Mas se alguém já teve a oportunidade de ver Ben-Hur (1959) ou Spartacus (1960) feitos há quarenta anos, vai perceber que o diretor devia ter deixado o épico descansar em paz, ao invés de realizar uma bomba como Gladiador. Como se diria na Roma Antiga: aos leões!

J. Tavares

(Gladiator, EUA, 1999) Direção: Ridley Scott (duplo, sem gelo). Elenco: Russel "Rambo" Crowe, Richard "eu não sou cavalo não" Harris, Oliver "alguém viu minha cabeça por aí" Reed, Joaquin "Batoré" Phoenix e Connie Nielsen.

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