Assassinato em Gosford Park

Para a sorte de Robert Altman parece que ainda existem uma penca de atores e atrizes interessados em seu trabalho. Todos se oferecem desesperados para garantir uma ponta em seus filmes. Bem, a pergunta é por quê? A cada novo trabalho Altman demonstra estar em uma decadência irreversível. Assassinato em Gosford Park é mais outra inexplicável perda de tempo e dinheiro.

Primeiro é preciso que se diga que o assassinato é o que menos importa na trama. Altman não está brincando de detetive ou homenageando a escritora Agatha Christie. Tudo o que interessa é as relações entre o andar de cima e o de baixo. Ou seja, patrões e empregados. Para o delírio dos marxistas de plantão, Assassinato em Gosford Park mostra mais de duas horas e meia de classes.

O filme começa em 1932. Na véspera de natal Sir William McCordle (Michael Gambon) e Lady Sylvia (Kristin Scott Thomas) promovem um jantar para seus amigos e parentes na casa de campo de Gosford Park, interior da Inglaterra.. Como de graça até injeção na testa o comparecimento é total. Os convivas ficam hospedados nos quartos, enquanto a criadagem, a patuléia observa a tudo da cozinha. Obviamente tudo isto é um pretexto para tramas paralelas e todo mundo falando ao mesmo tempo na tela.

De Assassinato em Gosford Park só se aproveita o desempenho de Maggie Smith que interpreta a Condessa de Trentham. Com seus diálogos sarcásticos e iconoclastas consegue roubar o filme. O assassinato existe, mas não interessa a ninguém. Até mesmo o detetive da história não parece muito a fim de resolver o mistério. Provavelmente não se fazem mais Hercule Poirot, muito menos Robert Altman, como antigamente...

J. Tavares

(Gosford Park, EUA, 2002), Direção: Robert Altman, Elenco: Michael Gambon, Kristin Scott Thomas, Camilla Rutherford, Maggie Smith, Charles Dance, Geraldine Somerville, Alan Bates, Helen Mirren, Eileen Atkins, Derek Jacobi, Emily Watson, Richard E. Grant, Kelly Macdonald, Clive Owen, Ryan Phillippe, Duração: 137 min.

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