Hulk

A primeira coisa que você precisa saber sobre Hulk é que Tim Burton é um imbecil. Como assim? O filme é dirigido pelo Ang Lee, questionará o arguto Zeronauta. Calma. Cada coisa a seu tempo. Burton é conhecido por fazer duas versões canhestras, patéticas, pífias do Batman para o cinema. Algo que pode ser qualificado de desastre de proporções bíblicas.

Pois bem, a tragédia aconteceu por que, eivado de megalomania, Tim Burton quis dar a sua visão pessoal do homem-morcego. Não bastava respeitar o que já vinha dando certo há décadas nos quadrinhos. Esta idéia de que o diretor é mais importante que o personagem causou um resultado deprimente, que praticamente sepultou a carreira do cruzado embuçado no cinema.

E foi exatamente o que o diretor Ang Lee quis fazer. Não satisfeito em mostrar que Hulk esmaga homenzinhos, ele tinha de acrescentar o algo mais. Resultado? O bizarro campeia frouxo na versão do gigante esmeralda para a tela grande. Sim, o roteiro do filme é muito melhor do que uma bomba de raios gama. Bastam somente alguns minutos para a platéia ficar verde de raiva.

A história começa com o pai do monstro. O Dr Banner (Nick Nolte, que parece ter saído direto da prisão de Los Angeles) conduzia experimentos científicos sobre o aprimoramento humano em uma base militar. Infelizmente, o exército careta proíbe o cientista de fazer testes em pessoas. Bem, já que ninguém mais parecia muito entusiasmado com a idéia ele resolve usar o próprio corpo como cobaia.

O problema é que ele engravida a sua mulher. Afinal de contas, grandes cientistas não têm tempo para usar camisinha. Banner, logo percebe que, existe a possibilidade de que os agentes que estão em seu corpo sejam passados para o seu filho, Bruce Banner. Então ele começa uma corrida contra o tempo para achar a cura e tentar salvar a crainça. Porém o exército xarope resolve passar a régua e fechar a conta de um projeto que estava, pelo menos aparentemente, levando do nada a lugar nenhum.

Assim, o Dr. Banner entra em pânico. Tudo na sua vida dá errado. Ele acaba tendo uma discussão com sua mulher que vai causar um profundo trauma em seu filho. Muito tempo depois Bruce Banner (Eric Bana) se transformou em um renomado cientista, que junto com a Dra. Betty Ross (Jennifer Connelly) trabalha em um laboratório pesquisando sobre os efeitos da radiação.

O Zeronauta percebeu que até agora nada de criatura verde? Acredite se quiser é preciso esperar inacreditáveis 40 minutos até que o Hulk resolva dar o ar de sua graça. Por isso que quando metade do cinema já está puxando um ronco, Banner é acidentalmente atingido por altas doses de radiação. Porém, nada acontece. Até que de uma hora para outra em uma cena inconcebível e esdrúxula o doutor se irrita. Então uma gigantesca criatura verde toma o seu lugar e resolve destruir todos os equipamentos do laboratório.

A partir daí o filme chafurda de maneira colossal. Existem até mesmo cachorros-hulk (?!) para fechar a calamidade cinematográfica com chave de ouro. Eric Bana consegue ter menos expressões faciais do que a criatura gerada por computador. Aliás, os programadores esqueceram de colocar peso no Hulk. Não dá para acreditar em um monstros que dê pulos de 50 metros e não caia causando um impacto poderoso. Em outra cena o Hulk despenca do céu e ao bater na água levanta uma onda menor do que a existente em um salto ornamental. Patético.

Hulk é um dos piores filmes de super-heróis já feitos. Só consegue ser melhor do que os do Batman. Mas esse tipo de comparação chega a ser covardia. De bom, sobra apenas acompanhar a beleza de Jennifer Connelly. Lou Ferrigno (que interpretou o incrível Hulk na série de TV) e Stan Lee (criador da série de quadrinhos) fazem uma pequena ponta como dois guardas que cumprimentam o Dr Bruce quando ele chega ao laboratório.

J. Tavares

(The Hulk, EUA, 2003), Direção: Ang Lee, Elenco: Eric Bana, Jennifer Connelly, Sam Elliott, Josh Lucas, Nick Nolte, Brooke Langton, John W. Armbrust, Mark Atteberry, Sasha Barrese, Matthew Blaine, Cara Buono, Regi Davis, Mike Erwin, Lou Ferrigno, Johnny Kastl, Hugh Mason, Kevin O. Rankin, Gunter Schlierkamp, Stan Lee, Duração: 138 min.

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