O Incrível Hulk

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O Incrível Hulk deveria ser uma seqüência de Hulk (2003), desastre cinematográfico dirigido por Ang Lee, que fracassou rotundamente nas bilheterias. Mas não é. No fundo, a Marvel tenta contar de novo a mesma história e revitalizar o personagem. Só tem um detalhe: o Hulk - quem diria - veio parar no Brasil.

Sim, acredite quem quiser, o gigante esmeralda fugiu para este país tropical abençoado por deus e bonito por natureza. Logo no começo do filme, ainda nos créditos iniciais, o público descobre como aconteceu o acidente que transformou drasticamente o cientista Bruce Banner (Edward Norton) em um ser monstruoso. Atingido por uma alta carga de radiatividade gama, Banner se transforma imensa criatura verde toda vez que fica com raiva ou experimenta emoção forte o bastante para acelerar seus batimentos cardíacos.

Então, para a surpresa geral, Bruce Banner surge na favela da Rocinha, no Rio Janeiro. Ele trabalha em uma fábrica de refrigerantes que são exportados para os Estados Unidos. Como Banner tem a manha, vive escondido, sob identidade falsa e ouvindo o melhor do funk. Afinal, batidão é como ele mesmo.

Banner veio para o Brasil na esperança de encontrar uma planta rara que pode ser capaz de ajudá-lo a se livrar da radiação que está em seu organismo. Só tem um detalhe... Ele veio para o Brasil para ficar calmo? Epa! Epa! Como assim?

Basta perceber o quanto se paga de impostos, a ineficiência do nosso Congresso, a morosidade do Judiciário e a tradicional apatia do povo brasileiro. Se isso não for o bastante, Banner só precisaria assistir a quinze minutos da programação televisiva de domingo para o Hulk sair destruindo metade do Rio de Janeiro.

De qualquer maneira, as cenas passadas no Brasil beiram ao bizarro. Para Hollywood, o Portunhol continua sendo a língua oficial do nosso país. Há um professor de capoeira que distribui tabefes na cara de Edward Norton e os todos os traficantes da favela da Rocinha evidentemente estavam de férias ao mesmo tempo, possivelmente em Miami.

A paz de espírito de Bruce Banner não dura muito. O tratamento com a planta milagrosa não funciona, apesar da ajuda do Sr. Azul, um misterioso que Banner conheceu na internet. Para piorar, as coisas se complicam quando o general Ross (William Hurt) manda um mercenário russo chamado Blonsky (Tim Roth) capturar Bruce no Rio.

A perseguição é implacável e todas as tentativas de Banner de despistar seus algozes falham. Então, em uma cena passada na fábrica de refrigentantes, entra em cena pela primeira vez o Hulk. A transformação não é mostrada. Tudo fica escondido no meio do cenário escuro. Um claro indício que ninguém teve dinheiro para pagar efeitos especiais decentes.

Como era de se esperar, o Hulk patrola a tudo e a todos. Depois foge e vai parar no Panamá. Sem mais alternativas, Banner decide voltar aos Estados Unidos para encontrar com o Sr. Azul, que parece ter conhecimentos para conseguir curar a sua "doença".

Claro que nos Estados Unidos, Banner aproveita para rever sua namorada Betty Ross (Liv Tyler), que, aliás, é filha do general Ross, seu maior inimigo. Falando em adversários de peso, o mercenário russo Blonsky não aceita muito bem a derrota para o Hulk no Rio de Janeiro.

Então, convence o general Ross a passar pelo mesmo teste que levou à criação do Hulk. De fato, o exército dos EUA quer criar super-soldados usando a radiação gama. Só que no caso de Blonsky o resultado é mais um monstro fora de controle desta vez chamado de "O Abominável". Diga-se de passagem, a luta final entre Hulk e Abominável deveria ser o grande momento do filme. Mas resultou em algo tosco, mal-feito e mal-filmado. De novo em uma cena escura feita sob medida para esconder a indigência dos efeitos especiais.

O Incrível Hulk faz várias homenagens ao seriado de televisão. Aquele mesmo, interpretado por Lou Ferrigno pintado de verde. Aliás. segundo o ator Tim Roth, Edward Norton reescrevia cenas do filme todo dia. O ator tomou conta da produção. Inclusive, ele e Liv Tyler passavam horas discutindo seus personagens antes do surgimento do Hulk em cena.

Resultado? Culpem o Norton. Ele é o grande responsável pela tosquice de O Incrível Hulk. E o que é pior, se o sujeito ficar com raiva não vai poder se transformar em um monstro verde e sair destruindo diretores incompetentes e roteiros ruins...

P.S. - A quem interessar possa: Robert Downey Jr., intérprete de Tony Stark em Homem de Ferro, faz uma ponta como o personagem.

J. Tavares

(The Incredible Hulk, EUA, 2008), Direção: Louis Leterrier, Elenco: Edward Norton, Liv Tyler, Tim Roth, Tim Blake Nelson, Ty Burrell, William Hurt, Christina Cabot, Peter Mensah, Lou Ferrigno, Paul Soles, Débora Nascimento, Robert Downey Jr., Stan Lee, Duração: 114 min.