Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas

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Professor Marston é um embusteiro científico. Um sujeito que distorceu a ciência em favor do seu pênis. O que, sinceramente, talvez nem seja uma ideia tão ruim assim. Mas o filme, baseado em sua maior criação, a Mulher Maravilha, é uma tremenda estultice.

Antes de mais nada é preciso lembrar na década de 50 os quadrinhos sofreram um duro ataque. A indústria praticamente faliu (inclusive com várias edições sendo queimadas em praça pública). Tudo por causa de um livro chamado Sedução dos Inocentes, escrito pelo psiquiatra Frederic Wertham, que afirmava ter constatado que a leitura de quadrinhos estimulava o comportamento violento.

Aliás o filme mostra, em determinado momento, o público queimando edições da Mulher Maravilha. Mas por que as crianças fariam isso? Em 1954, o Subcomitê de Investigação da Delinquência Juvenil do Senado dos EUA realizou uma série de audiências com o objetivo de provar a influência negativa que as HQs exerciam sobre os jovens leitores. Um efeito do sucesso do livro. Tanto que foi criado um Comics Code Authority para fazer um grande acordo, com Supremo, com tudo.

Bem, Wertham morreu desacreditado, em 1981. Seu livro era, em essência, uma farsa. Mas no caso da Mulher Maravilha até que ele acertou. Os primeiros quadrinhos tinham perversão suficiente para uns 5430 processos criminais. Se tem uma geração viciada em bondage e sadomasoquismo certamente foi culpa da mulher-maravilha. Aliás, as histórias iniciais da heroína basicamente eram uma exploração das teorias de Marston. Ele justificava o fato da Mulher Maravilha estar sempre amarrada como uma ação do machismo opressor, quando ela se livrava das cordas passava uma mensagem de empoderamento. Ah, tá.

Agora com uma história dessas Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas deve ser repleto de sacanagem, certo? Ledo engano. A diretora Angela Robinson leva o filme todo com uma delicadeza ímpar. O que indica um talento potencial para fazer um documentário sobre unicórnios, mas que não tem nada a ver com a temática da obra.

Na trama, o professor Marston (Luke Evans) vive um momento de sucesso. Está bem empregado, escreveu um livro que ninguém leu, mas que justifica sua presença na Universidade. Sua esposa Elizabeth Marston (Rebecca Hall) é extremamente - a não ser pela incapacidade de reconhecer um embusteiro. O casal tenta desenvolver um detector de mentiras, mas sem sucesso. Até que surge a meiga e submissa Olive Byrne (Bella Heathcote).

Neste momento, o professor Marston se lembra do motivo pelo qual escolheu a carreira acadêmica. Ou seja, ele quer mais é comer gente. Conversa com sua esposa que com alguma relutância aceita em fazer um ménage a trois com direito a muita dominação e bondage. Só aí já dá para imaginar um filme na linha de 50 Tons de Cinza. Mas nada disso acontece. A diretora Angela Robinson definitivamente não entende do riscado. O filme é de uma ingenuidade boçal. Além de despediçar o talento de Bella Heathcote investe um sadomasoquismo fofinho.

Ah, na vida real as Mulheres-Maravilhas de Marston estavam longe do padrão de beleza da época. Aliás, estavam longe de qualquer padrão. Mas o problemas do filme passam longe dessa questão. O roteiro é esquemático previsível. O leitor mais atilado vai notar que faltou uma trama mais amarrada. O que, considerando a temática do filme, é uma tremenda ironia...

J. Tavares

(Professor Marston & The Wonder Women, EUA, 2017) Direção: Angela Robinson. Elenco: Luke Evans, Rebecca Hall, Bella Heathcote. Duração: 108 min.

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