Terra de Ninguém

A vida na Bósnia é mesmo uma Bósnia. Com essa premissa simples o Danis Tanovic, para a surpresa de muita gente, faturou o Oscar de melhor filme estrangeiro. Verdade seja dita: Terra de Ninguém faz o possível e o impossível para fugir da armadilha de fazer um teatro filmado. Mesmo assim há um excesso de diálogos inúteis, tudo para provar que a Guerra não vale a pena.

A história começa quando o bósnio Ciki (Branko Djuric) e o sérvio Nino (Rene Bitorajac) acabam por acidente juntos em uma trincheira. Com fogo cerrado dos dois lados eles se encontram em uma verdadeira terra de ninguém. O espectador leva mais ou menos 45 minutos para saber quem é o sérvio e quem é o bósnio e quando descobre já está preferindo que ambos acabem sendo fuzilados.

Para deixar a situação mais indigesta, afinal dois inimigos em uma mesma trincheira é algo complicado, surge um personagem, no mínimo inusitado. Um soldado bósnio Cera (Filip Sovagovic) é deixado no chão. Como acreditam que ele está morto colocam uma bomba embaixo do seu corpo. Assim, quando o inimigo levantar a carcaça pode morrer pela explosão. Um belo plano. O problema é que Cera está vivo e não pode se mexer.

Verdade seja dita nem mesmo Silvester Stallone conseguiu uma interpretação tão perfeita como obejto inanimado.

Como a situação fica em um impasse a ONU é chamada para tentar dar um fim na celeuma. Uma ambiciosa repórter de tevê, Jane Livingstone (Katrin Cartlidge) quer aproveitar a situação para se promover. De certa maneira todo mundo em Terra de Ninguém tenta fazer a coisa certa, mesmo que tudo termine em um resultado desastroso. É... a vida é mesmo uma bósnia.

J. Tavares

(No Man's Lands, BOSNIA, 2001), Direção: Danis Tanovic, Elenco: Branko Djuric, Rene Bitorajac, Filip Sovagovic, Georges Siatidis, Serge-Henri Valcke, Simon Callow, Katrin Cartlidge, Duração: 97 min.

Voltar