Os Mercenários
Na década de 80, Sylvester Stallone era capaz de destruir sozinho um país (pelo menos no mundo do cinema). Todo mundo, claro, achava isso ridículo. Pois bem, 30 anos depois ele está velho, decadente e acabado e mesmo assim ainda quer que o espectador acredite que ele é capaz de assustar alguém. Se você é ingênuo a este ponto então vai gostar de Os Mercenários.
O filme dirigido por Stallone é uma coletânea de clichês. Não existe um único vestígio de originalidade na tela. Para tornar esse imbróglio ainda mais nostálgico, o elenco que reúne os mais famosos brucutus dos anos 1980, como Bruce Willis, Arnold Schwarzenegger e Mickey Rourke. Com tanta gente assim em ação, o filme exala testosterona. Aliás, se sua namorada ou esposa engravidou só de sentar na poltrona do cinema isto é perfeitamente compreensível...
A trama - se é que existe uma - começa em uma ação do grupo de mercenários conhecido como "The Expendables", que realiza qualquer missão desde que ela seja bem paga. O líder é Barney Ross (Sylvester Stallone). Entre seus companheiros usuais estão o especialista em facas Lee Christmas (Jason Statham), Bao Thao (Jet Li) e o maluco de carteirinha Gunnar Jensen (Dolph Lundgren).
Até que um belo dia, Barney e seus comparsas são contratados para derrubar o general Garza (David Zayas), ditador da ilha de Vilena. Barney e Lee vão ao local disfarçados de ornitólogos (que é uma maneira mais bonita de dizer: gente sem um único vestígio de vida social que passa todo o seu tempo livro observando passaros).
No local, eles encontram Sandra (Gisele Itiê), que deseja derrubar o governo. Derrubar na base da revolução e bem entendido. Infelizmente, Barney e Lee são atacados pelas forças de Garza e de Monroe (Eric Roberts), um empresário americano que financia o governo local. A dupla deixa Vilena e abandona a missão, não sem antes matar metade dos habitantes do lugar. E apesar de tentar salvar Sandra, a moçoila garante deseja ficar para lutar pela liberdade. É uma cena realmente bizarra, mas acaba mexendo com os brios de Barney.
Então Barney tem uma conversa bisonha com Tool (Mickey Rourke) tatuador maluco, aprendiz de atirador de facas e motoqueiro nas horas vagas. Sabe-se lá como Stallone concorda com tudo o que foi dito (embora nada faça o menor sentido) e decide voltar a Vilena. E ele diz que vai sozinho, mas seus amigos mercenários acabam concordando em dar uma ajuda para dizimar o que restou da população.
Nem vale a pena perder tempo comentando as atuações. Mas Giselle Itié pediu para que a cena de tortura fosse mais intensa para ela mostrar todo o seu potencial dramático (hein? como?). O destaque mesmo fica para Dolph Lundgren que vira um traidor é morto e reaparece sem qualquer justificativa lógica no melhor estilo anos 80...
Em tempo, durante a Comic-Con 2010, Sylvester Stallone criticou esse impoluto país tropical dizendo que podia explodir tudo o que queria e ainda o agradeciam oferecendo-lhe um macaco para levar para casa. Ou seja, Stallone aumenta, mas não inventa. Vale notar que uma parte do filme foi gravada no Brasil, na cidade de Mangaratiba e também no Parque Lage, no Rio de Janeiro.
De qualquer maneira, a tradicional tropa de pascácios, pacóvios e lorpas entrou em ação. Em um ufanismo boçal e sem noção criticaram o ator por ferir a soberania nacional. Mas a vingança feio no programa Fantástico da Rede Globo. Depois da entrevista de divulgação do filme, o repórter fez o ator (?) norte-americano segurar um macaco de pelúcia. Stallone, ora vejam só, pagou mico. E depois não quer que ninguém perceba que ele está velho, decadente e acabado...
(The Expendables, EUA, 2010), Direção: Sylvester Stallone, Elenco: Sylvester Stallone, Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, Eric Roberts, Giselle Itiê, Randy Couture, Steve Austin, David Zayas, Terry Crews, Mickey Rourke, Bruce Willis, Arnold Schwarzenegger, Brittany Murphy, Charisma Carpenter, Nick Searcy, James Hébert, Matt Medrano, Duração: 103 minrente...
