Operação Tolerância Zero

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Ora vejam só... Eis a primeira supresa do ano. Sim, Carlos Gerbase depois de fracassar como cineasta amador, como diretor de curta-metragens, como escritor, como vocalista de uma banda punk, conseguiu fazer um trabalho razoável. Tolerância é um filmezinho antigo, que não tem perigo de assustar ninguém. É tão previsível quanto o resultado de uma CPI no congresso. Gerbase jogou na retranca e se deu bem.

O escritor Nelson Rodrigues costumava criticar com eloqüência a inteligência dos cineastas brasileiros, que adoravam filmar para o seu próprio umbigo. Gerbase com certeza não sofre desse mal. É um diretor burro como o departamento de marketing da sua empresa. Por isso, Tolerância funciona. Gerbase sabe o que o povo gosta, o que o povo quer. Assim, o roteiro inclui a cada 15 minutos mais ou menos uma cena de sexo gratuito. E peitões. Muitos peitões.

Quer dizer, a receita para o sucesso é por aí mesmo. O cartaz do filme já mostra que o diretor não está para brincadeiras. Nele Maitê Proença aparece de lingerie em uma pose sexy (ou bagaceira, como preferir o leitor). Inclusive, Tolerância mostra a atriz sendo enrabada em uma descontraída cena de sexo anal. Coisa fina. Gerbase, não há dúvida, atingiu o ápice do cinema gaúcho ao filmar essa cena. Diga-se de passagem, que Maitê teve um caso com uma pessoa da produção do filme. O felizardo traçou, reza a lenda, a estrela global no banco traseiro de um modesto Corsa. Se isto for verdade, a ZeroZen lança desde já uma campanha para dar a esse rapaz um prêmio especial no Festival de Gramado.

Um dos destaques negativos de Tolerância é o roteiro. Levou inacreditáveis cinco anos para ser feito e foi escrito por quatro pessoas: o próprio Gerbase, Jorge Furtado, Álvaro Teixeira e Giba Assis Brasil. E bastava apenas ter assistido a uns três ou quatro cine-privês da bandeirantes para pegar os melhores peitões, digo, as melhores idéias. Neste quesito, o de frente ampla, a atriz Maria Ribeiro é a grande vencedora. Vale ressaltar que uma das pragas do cinema nacional, o ator Paulo Betti, largou um sólido casamento de 20 anos para se atirar nos braços, e nos seios, de Maria Ribeiro.

A história de Tolerância é simples, para não dizer o mínimo. Um casal que se conheceu na década de 70, resolve manter uma espécie de casamento aberto. Todo mundo pode dormir com todo mundo, desde que sempre contem a verdade um para o outro. Júlio (Roberto Bomtempo), é formado em jornalismo, ou seja, um loser completo, e trabalha com editoração gráfica retocando fotos de mulheres para revistas pornográficas. Sua esposa Márcia (Maitê Proença) é uma advogada, digamos, desinibida, que faz de tudo (mas TUDO mesmo) para que seus clientes se sintam bem.

Um dia, Márcia revela que traiu Júlio. Ao mesmo tempo, o corno se revolta e acaba se apaixonando pela melhor a amiga de sua filha Guida (Ana Maria Mainieri). A companheira de Guida, Anamaria (Maria "peitão" Ribeiro) começa a provocar e atiçar Júlio. Claro que daí para frente a "Tolerância" vai para o espaço. Até o momento que acontece um crime. Mas como aqui é o Brasil, sempre se dá um jeitinho.

Apesar da dispensável e equivocada trilha sonora, no fim das contas, se Carlos Gerbase continuar usando de roteiros pseudo-inteligentes para mostrar mulheres peladas na tela grande, vai acabar garantindo sua aposentadoria. Basta Gerbase, que ficou 15 anos sem filmar um longa, concentrar-se no sexo gratuito com atrizes globais. Pode estar nascendo o Gregory Hipollyte dos Pampas...

J. Tavares

(Tolerância, BRA,2000), Direção: Carlos Gerbase, Roteiro: Gerbase, Jorge Furtado, Álvaro Teixeira e Giba Assis Brasil, Elenco: Maitê Proença, Maria Ribeiro, Ana Maria Mainieri, Roberto Bomtempo, Nelson Diniz, Werner Schünemann, Márcio Kieling. Duração: 107 minutos.

Confira também texto do diretor Carlos Gerbase sobre o filme Tolerância

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