Tudo Pode dar Certo (Whatever Works)

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Primeiro a boa notícia: Woody Allen (75 anos) encontrou em Larry David (Curb Your Enthusiasm) o alterego ideal para representá-lo em seus filmes. A má notícia é que talvez tenha sido tarde demais. Pois a julgar por “Whatever Works”, o diretor já passou, faz tempo, da hora de pedir aposentadoria.

O filme marca a volta de Woody Allen à Nova York, depois de passar os últimos anos fazendo turismo cinematográfico na Inglaterra e Espanha. “Tudo Pode dar Certo” é na verdade um roteiro que o diretor havia escrito nos anos 70 e devidamente descartado. Quem disse que se fica mais inteligente com o passar do tempo?

A história gira em torno do personagem Boris Yellnikoff (Larry David), um ex-professor da Universidade de Columbia, que quase foi indicado para o prêmio Nobel. Mas como já observamos anteriormente o “quase” é a fantasia mais comum de todo perdedor.

Depois de se separar da mulher, tentar suicídio e falhar, Boris vai casualmente encontrar Melodie St. Ann Celestine (interpretada por uma quase irreconhecível Evan Rachel Wood), uma jovem sulista desmiolada, que para fugir dos pais conservadores resolve se casar com Boris. Tipo, existem maneiras mais fáceis de cortar a nicotina do seu cigarro...

Boris é o típico personagem de Woody Allen: neurótico, hipocondríaco, falastrão e chato. Só que Larry David consegue ser especialmente antipático, algo que faz sem qualquer esforço. O fato de se dirigir à platéia olhando diretamente para câmera também não ajuda. Só aumenta o tom de farsa do filme.

O que parece ser proposital. Já que o roteiro segue o espírito do “se colar, colou”, que seria uma tradução livre do título americano. O problema é que nada funciona, os furos no roteiro são visíveis e os remendos não ficaram bons...

Saulo Gomes

(Whatever Works, EUA, 2009) Direção: Woody Allen. Elenco: Larry David, Evan Rachel Wood, Adam Brooks, Lyle Kanouse, Michael McKean, Patricia Clarkson. Duração: 92 min.

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