ZeroZen Files

A Chernobyl brasileira

Se o incauto Zeronauta assistiu a série Chernobyl da HBO deve ter pensado: o que teria acontecido se fosse no Brasil? Será que não poderia ter ocorrido algo parecido em Angra I ou Angra II? Mas se o incauto zeronauta fosse mesmo meio ZeroZen, saberia: claro aconteceu! Por isso, ZZ-files vem desvendar um dos maiores segredos do governo brasileiro.

Antes de mais nada é preciso deixar claro: o Brasil tem a burocracia russa e a incompetência latina. Uma combinação que explica muita coisa! Um acidente nuclear era praticamente inevitável. Também é preciso ressaltar que a ZeroZen sempre leva uma investigação até as últimas consequências. E, acredite caro Zeronauta, as suas definições de teoria de conspiração serão atualizadas depois desse ZZ-files.

Para quem tem problema de memória (estamos falando com vocês, millenials) a usina nuclear Angra 1 foi construída na ditadura militar. Se o petróleo era nosso a energia nuclear também. As obras em Angra I começaram em 1970, em meio à abertura da rodovia Rio-Santos no Sul Fluminense. O problema é que a primeira usina nuclear brasileira só entrou em operação comercial em 1985.

Com 640 megawatts de potência, Angra 1 gera energia suficiente para suprir uma cidade de 1 milhão de habitantes, como Porto Alegre ou São Luís. Vale notar que nos primeiros anos de sua operação, Angra 1 enfrentou problemas com alguns equipamentos que prejudicaram o funcionamento da usina. Essas questões só foram sanadas em meados da década de 1990.

Os indícios eram claros de que o Brasil e a energia nuclear não foram feitos um pro outro. Ainda assim, a segunda usina nuclear brasileira começou a ser construída em 1981 (ainda na ditadura). Só passou a operar comercialmente em 2001. Com potência de 1.350 megawatts, Angra 2 é capaz de atender ao consumo de uma cidade de 2 milhões de habitantes, como Belo Horizonte.

Parece piada, mas - em três décadas - país gastou mais de US$ 45 bilhões e só concluiu duas centrais (Angra I e Angra II). Claro que o arguto Zeronauta pode questionar: mas onde está a conspiração? Bem, o Brasil seguiu investindo em energia nuclear e resolveu construir Angra 3. A construção iniciou em 1984. Só que as obras da usina ainda não terminaram. São 35 anos construindo uma usina!!

Segundo dados do projeto nuclear brasileiro até o momento foram executadas cerca 67,1% das obras civis da Usina. O progresso físico global do empreendimento, considerando todas as outras disciplinas envolvidas, é de 58,4%. Até setembro de 2015 já foram alocados ao empreendimento cerca de R$ 5,3 bilhões de um total de R$ 14,8 bilhões (base de junho de 2014), de custos diretos.

Tem mais: as obras de Angra 3 estão paralisadas desde 2015, mais ou menos como a ZeroZen. Só que a Usina voltou a ser notícia com a prisão do ex-presidente Michel Temer, desdobramento da operação Lava Jato. As obras estão no centro da denúncia contra o ex-presidente e ainda têm dívidas bilionárias com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

A Operação Radioatividade descobriu crimes envolvendo a construção de Angra 3. Entre eles, corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Em 2016, o ex-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro, foi condenado a 43 anos de prisão. Ele teria cobrado propina das empreiteiras Engevix e Andrade Gutierrez.

Fica claro que Angra 3 é um projeto destinado ao fracasso. A partir daí, fica fácil perceber o que aconteceu. Porém ainda é preciso explicar mais um detalhe. A revelação para toda essa conspiração surgiu no filme Síndrome da China. Na trama, uma repórter está fazendo uma matéria sobre meios alternativos de produção de energia, mas acaba testemunhando um acidente em uma usina nuclear. Decidida a investigar sobre o caso, ela se vê pressionada pelas autoridades que querem abafar os impactos reais do ocorrido.

O interessante é que o título do filme faz menção a um evento catastrófico. Na Síndrome da China, o reator nuclear da Usina fica sem controle. Nesta situação, o núcleo aquece a temperaturas extremas, ao ponto de fundir a própria base onde está montado e "afundar" no solo, derretendo tudo o que encontra para baixo. Hipoteticamente nesta situação, como a quantidade de energia é absurdamente alta, ele poderia ir derretendo o solo e "mergulhando" cada vez mais fundo, até chegar na China, atravessando todo o centro do planeta. Daí o nome "Síndrome da China".

Então, neste momento, tudo começa a se encaixar de forma brilhante (sem trocadilho). Especulamos se em 35 anos de construção Angra 3 não tenha feito algum teste de segurança para ver se estava tudo bem com o reator. Muito provavelmente um estagiário apertou um botão errado. Como a usina nunca fica pronta não deveria ser um núcleo com todo o poder de destruição (possivelmente veio de contrabando do Paraguai). Porém, ele começou a afundar no solo (o governo brasileiro ainda não conseguiu revogar as leis da física).

Claro que nenhuma usina leva 35 anos para ser construída. Tudo foi feito para isolar o local em função da radiação! Neste momento, outro conceito importante precisa ser explicado: cidades antípodas. São, resumindo, cidades situadas em lados opostos no mundo. Basicamente, seria traçar uma linha reta e ver o que surge do outro lado do mundo. Ou seja, seria como cavar um buraco tão profundo que a gente sai do outro lado do planeta. Sim, exatamente o que acontece no caso da Síndrome da China. Por exemplo, a cidade brasileira de Tangará da Serra (MT) desemboca na capital das Filipinas, Manila.

As usinas estão localizadas na Praia de Itaorna. localidade pertencente ao município de Angra dos Reis. Mas não existe uma cidade antípoda. Ao traçar uma linha reta o que surge do outro lado é água. Afinal de contas, boa parte do nosso planeta é água. Então, mais uma conspiração é revelada. Se o Brasil não consegue construir uma usina nuclear como foi descobrir o pré-sal? Fácil, o núcleo do reator de Angra 3 foi derretendo tudo pelo caminho até topar com um depósito subterrâneo de petróleo nas profundezas do mar! Pronto! O Brasil descobria o pré-sal!

A verdade está lá fora brilhando no escuro

Considerações finais

1 - Se houve um derretimento nuclear, trata-se acidente nuclear sério pois pode liberar produtos altamente radioativos para o meio ambiente. Infelizmente, o Brasil não conseguiu produzir um Homem-Aranha, um Hulk ou mesmo um Godzilla. Mas é claro que os efeitos foram notados. A população do estado do Rio de Janeiro teve uma perda brutal de inteligência. É só ver em quem os cariocas votam para governador...

2 - Apesar de toda a corrupção, Angra 3 deve ser finalizada. É, inclusive, uma promessa do governo Bolsonaro. Hoje Angra I e II respondem por 1,1% do fornecimento nacional de energia elétrica do país. Quando a usina finalmente foi inaugurada esse número passará para 1,2%. Dá-lhe, Brasil!

3 - Em 1979, “A Síndrome da China” foi o filme mais comentado do ano, graças à enorme publicidade gerada na vida real pelo acidente da usina nuclear de Three Mile Island. Detalhe: isso ocorreu apenas doze dias após a estreia do filme. Mais uma conspiração? Afinal de contas, Hollywood não mede esforços na divulgação de seus filmes.

Fofox Murder

O texto acima é uma obra de ficção e qualquer coincidência com pessoas ou terceiros é meramente acidental ou usada como forma de paródia.