O dia em que o Catar começou a se catar...

A Seleção do Catar iniciou a Copa dando vexame. Pela primeira vez na história, um anfitrião foi derrotado no jogo de estreia do Mundial. Perdeu por 2 a 0 para o Equador. E poderia ter sido mais. Os sul-americanos tiveram um gol anulado. Além disso, o Equador dominou a partida disputada no estádio Al Bayt do início ao fim.

Como se sabe, o Catar é um país rico. Aliás, muito rico. Quem tem em casa uma piscina folheada a ouro com cascata de jacaré é apenas classe média baixa. Então, o governo do país investiu pesado na Copa. Como sempre, depois do torneio é bem provável que os estádios construídos para a competição fiquem vazios. Só que isso não vai ter impacto porque o Catar é um grande deserto...

Logo no começo do jogo, aos três minutos, ficou claro que a seleção do Catar veio para passar vexame. A bola foi alçada na área o goleiro Al Sheeb saiu mal. Tentou se recuperar. Foi pior ainda. Então a bola sobrou para Enner Valencia marcar de cabeça. Esse deveria ser o primeiro gol da Copa. Só que foi anulado pelo árbitro italiano Daniele Orsato com o auxílio da tecnologia semiautomática de impedimento, utilizada pela primeira vez no Mundial. No caso, é semiautomática para dar tempo dos sheiks enviarem pix.

O Equador seguiu pressionando e não demorou para abrir o placar. Aos 15 minutos, Valencia invadiu a área e ia fazer um golaço. Só que foi derrubado por Al Sheeb. Pênalti claro. O capitão da seleção equatoriana bateu com categoria e guardou. O Catar reagiu depois do gol? Não. Conseguiu fazer uma jogada? Também não.

Então, foi nesse momento que se viu a religiosidade da torcida catariana. Os torcedores falavam coisas como: "alá que goleiro ruim, alá que meio-campo burro, alá que zagueiro incompetente". De qualquer forma, fé demais não cheira bem. E o Equador fez o segundo.

Em uma jogada típica de uma pelada de fim de semana, a bola foi levantada na área. Depois de uma disputa sobrou para Enner Valencia cabecear completamente livre. A bola entrou no cantinho, sem chances para o goleiro adversário. A seleção catari se desmanchou. Simplesmente se perdeu em campo. Os equatorianos tocaram a bola e esperaram o fim do primeiro tempo.

Na volta do intervalo, a seleção do Catar tinha a indigesta missão de virar um 2 a 0. Mas não fez nada para mudar o placar. Só faltou meio-campo, ataque e defesa. O Equador poderia ter ampliado. Mas é um time absurdamente limitado. Então, terminar a primeira partida com vantagem foi um ótimo negócio.

O resultado deixa os equatorianos na liderança do Grupo A, composto também por Holanda e Senegal. Em tese, as duas seleções mais fortes do grupo se enfrentam nesta segunda-feira, às 13h (de Brasília) no estádio Al Thumama. No mesmo dia também jogam Inglaterra e Irã e Estados Unidos e País de Gales, em jogos válidos pelo Grupo B.

Jarbas Schier