Hannibal

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Antes de mais nada é preciso dizer que Hannibal é a continuação do superestimado O Silêncio dos Inocentes (1991). Por isso o novo filme de Ridley Scott veio cercado de expectativas. É o típico caso de seqüência que nunca deveria ter sido feita. De onde menos se espera, daí mesmo é que não sai nada, já dizia o Barão de Itararé. O resultado, como não poderia deixar de ser, é um desastre.

Hannibal é um prato indigesto. Com cenas que poderiam orgulhar qualquer maluco que retirou em sua locadora preferida algum episódio da infame série Faces da Morte. Depois de 10 anos escondido na Itália, o Dr. Hannibal Lecter (Anthony Hopkins) resolve sair do seu estado de hibernação. Com uma fome que nenhum Mac Donalds de minhoca pode saciar o atinge.

Ao mesmo tempo a agente do FBI Clarice M. Starling (Julianne Moore) está vivendo o seu pior momento profissional. Para piorar as coisas um milionário Mason Verger (Gary Oldman) também está atrás do canibal. Verger foi a única vítima que sobreviveu e teve todo o seu rosto desfigurado depois de um ataque do bandidão. Ele resolve usar todo seu dinheiro para se vingar. E percebe que a melhor isca para atrair o Dr. Lecter é a decadente Clarice.

Enquanto isso na Itália um policial mais esperto do que a maioria: Inspector Rinaldo Pazzi (Giancarlo Giannini) descobre quem é o canibal. Ao invés de chamar reforços resolve correr atrás de uma recompensa. Talvez seja um dos poucos momentos interessantes de Hannibal. Claro que o policial entra pelo cano e o filme também, pois Lecter atravessa um oceano só para rever Clarice em um inequívoco sinal de senilidade.

Aliás, um dos maiores problemas de Hannibal está no desempenho de Julianne Moore. Ela realmente não convence como agente do FBI e está péssima nas cenas de ação. Como se isso não fosse suficiente a agente Clarice Starling não tem, nem aparenta, nenhum medo do assassino canibal. Quer dizer o Dr. Lecter se transformou em mais um psicopata indestrutível do cinema americano.

Boa parte do suspense de O Silêncio dos Inocentes vinha dos diálogos entre o doutor e a agente (Jodie Foster) o medo surgia desse contraponto. Ora, se a mocinha não está nem aí para o vilão, o público reage da mesma maneira. E o roteiro procura a todo custo transformar Hannibal em um sujeito simpático.

O roteiro passa a empilhar um sem número de seqüências absurdas e irracionais, com sangue para todos os lados. Inclusive, a cena onde o milionário perseguidor de Hannibal morre é uma verdadeira porcaria (se você achou que a ZeroZen está entregando o final lembre-se que em uma entrevista para promover o filme Anthony Hopkins disse que estava pronto para fazer a terceira aventura com o canibal, logo você já imaginou quem se deu bem). Mas o pior é a decisão do tipo A Escolha de Sofia que o comedor de gente tem de tomar.

É neste ponto que o roteiro chega no ápice da ruindade. O final é realmente patético. Se o espectador não dormiu vai descobrir que Hannibal, é o canibal camarada. No fundo ele é um bom sujeito, só um pouco incompreendido. Afinal, o Casanova comia gente e nunca foi preso...

J. Tavares

(Hannibal, EUA, 2001), Direção: Ridley Scott, Elenco: Anthony Hopkins, Julianne Moore, Giancarlo Giannini, Francesca Neri, Ray Liotta, Zeljko Ivanek, Frankie R. Faison, Duração: 131 min.

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