The Runaways

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As Runaways foram uma espécie de Ramones de saias, exceto pelo fato de não serem punks ou usarem saias. Fora isso, era quase a mesma coisa, só que totalmente diferente. Em comum, o fato de serem mais uma história de fracasso e frustração tocando Rock’n’Roll.

Yeap, você leu bem: fracasso. As Runaways, como os Ramones foram completamente ignorados pelo grande público. Inclusive elas foram uma das primeiras bandas a serem “big in Japan” e completamente desconhecidas no resto do mundo, em especial na própria pátria mãe. Não por acaso, o filme teve uma bilheteria decepcionante em sua estréia nos Estados Unidos.

O filme não conta toda a história da banda e se concentra apenas na formação inicial e na relação entre a guitarrista e principal compositora Joan Jett e a vocalista Cherie Currie. A personagem de Lita Ford, guitarrista solo, por exemplo, deve ter apenas umas seis falas no filme inteiro. O que pode ser explicado, pelo fato da própria Joan Jett ser produtora executiva de "The Runaways"...

Não por acaso o filme ignora os dois anos da banda sem Cherie Currie, que serviram para pavimentar a carreira solo de Joan Jett e deram mais espaço para a ‘boa’, nos dois sentidos, guitarrista Lita Ford mostrar sua virtuose.

O roteiro é superficial e incrivelmente falho, vários temas passam batidos, numa cena Cherie Currie, em questão de frames, é uma espécie de Lindsay Lohan festeira e cheia de vida. Noutra seqüência uma junk terminal. O que, para falar verdade, realmente aconteceu na vida real. Mas o filme não desenvolve os personagens, só empilha fatos sem ser exatamente fiel ou coerente.

O bom elenco é desperdiçado por uma direção capenga da estreante Floria Sigismondi, que antes havia apenas dirigido videoclipes, incluindo “The Beautiful People" de Marilyn Manson, o que explica muita coisa. Floria também escreveu o roteiro, logo não é preciso ir muito longe para descobrir quem é a culpada pelo fracasso do filme.

No entanto, vale destacar a atuação de Dakota Fanning, que está praticamente irreconhecível e altamente fagocitável como Cherie Currie. Já Kristen Stewart, como Joan Jett, disfarça um pouco, mas não está longe do seu papel de ameba de uma expressão só, que lhe tornou mundialmente conhecida.

Em tempo: é bom lembrar que Joan Jett & The Blackhearts foram eleitos, numa dessas insuspeitas e inúteis listas sobre os anos 80, como uma das piores coisas surgidas naquela década. O que é um exagero, afinal tem coisa muito pior. É só ler nosso decano especial sobre o assunto.

Já Lita Ford nos anos 80 vendeu a alma para o diabo, digo Sharon Osbourne, e teve relativo sucesso tocando Heavy Metal Farofa...

Saulo Gomes

P.S.: Por alguma razão alguém achou que seria interessante que Dakota Fanning e Kristen Stewart cantassem algumas composições das Runaways para trilha sonora do filme. Como era de se esperar o “autotune” cumpre o seu papel, mas é interessante notar a diferença entre as vozes de Dakota Fanning e Cherie Currie, que apesar de sua tenra idade de 15 anos, definitivamente não emanava fragilidade alguma em sua voz...

(The Runaways, USA, 2010) Diretor: Floria Sigismondi. Elenco: Kristen Stewart, Dakota Fanning, Stella Maeve, Scout Taylor-Compton, Alia Shawkat, Riley Keough, Johnny Lewis. Duração: 106 min.

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