14/01 Domingo

Bem Vindos ao Freakshow
Essa era a noite da volta do Guns’n’Roses depois de 7 anos longe dos palcos. A platéia essencialmente roqueira não estava para brincadeira. O Pato Fu conseguiu sair pela tangente mas o mesmo não aconteceu com o bruxo Carlinhos Brown que levou uma merecida chuva de garrafas de plástico da platéia. Pensem bem: tem algum fundamento convidar uma banda de rock para tocar no carnaval da Bahia? Não. No Rock In rio é mesma coisa. Só mesmo a organização bisonha deste festival para não perceber isso. Depois disso teve os insossos Papa Roach. Seguido pelos mais insossos ainda Oasis. Culminando no ponto máximo da noite: o Freak show de Axl Rose com o que deveria ser o Guns’n’Roses.

Pato Fu – O Pato Fu tentou reverter os ânimos nada amistosos da platéia rockeira que queria ouvir Guns’n’Roses com a simpatia da vocalista Fernanda Takai, que com seu fiapo de voz cantou todas as músicas do show. Foi por incrível que pareça uma jogada inteligente. O resto da banda faz apenas figuração. No final ainda apelaram para Enter Sandman do Metallica para conquistar a platéia.

Carlinhos Brown – Quer água mineral? Já tomou? Não? Então leva uma garrafa na cabeça para deixar de ser besta. Foi lindo. Pareceu que de início a platéia do Rock In Rio ia nos decepcionar e deixar que aquela figura nefasta fizesse seu show impunemente. Mas bastou que Brown começasse a cantar para que o público iniciasse uma empolgante batalha para ver quem acertava mais garrafas de plástico no músico baiano. Entoando coros de "filho da puta" e pedindo por Rock’n’Roll. Depois Brown ainda quis dar moral de cueca, literalmente, na platéia que estava com toda razão. Simplesmente patético.

É preciso admitir que Brown entrou no palco do Rock In Rio em grande estilo: trazendo suas mandingas e fazendo o que pareceu ser um ritual de iniciação de significado obscuro. Trouxe até duas falsas loiras para agradar a platéia. No final elas teriam seu, vamos dizer assim, talento reconhecido e seriam aplaudidas pelo público, já Carlinhos Brown...

Uma pequena dica para as próximas aparições de Carlinhos Brown( olha o Planeta Atlântida aí gente): se você for jogar uma garrafa plástica no bruxo Brown não a jogue vazia. Deixe pelo menos metade do seu conteúdo, pois assim você garantirá maior precisão ao seu petardo, aumentando suas chances de acertar o alvo. Pode parecer um desperdício, mas é por uma boa causa.

Ira! & Ultraje – O Ira! e o Ultraje passaram a perna na organização do festival. Imaginou-se um show conjunto com as duas bandas, mas o que aconteceu foi que cada banda fez seu show e só tocaram uma música juntos. A manjada Should I Stay or Should I Go do The Clash.

Ira! – Subir num palco depois de Carlinhos Brown é preciso coragem. O Ira! até que cumpriu a tarefa com desenvoltura apesar da notória falta de carisma da banda paulista. O Ira! ainda se deu ao luxo de chamar a Fernanda Takai para fazerem uma versão de "Isso é amor" de Júlio Barroso.

Ultraje - O Ultraje a Rigor é uma banda cover de si mesma já faz um bom tempo. Eles tocaram velhos sucessos e fizeram o mesmo show de sempre só que com vinte anos de atraso. Para completar ainda tocaram Paranoid(?!) do Black Sabbath numa cover equivocada e de execução mais ainda.

Papa Roach – O show da banda california Papa Rouch começou com problemas de som. Depois de um tempo se percebeu que não era defeito do som. A banda é ruim assim mesmo. Tudo que se pode dizer de positivo sobre esses caras é que eles deveriam ter tocado na noite de sexta 19/01. De resto a culpa é do Axl Rose que exigiu que esses caras tocassem na mesma noite que o Guns’n’Roses. Vão reclamar para ele.

Oasis – Se existir uma só pessoa que ainda acredite que o Oasis é uma grande banda de rock depois de assistir a apresentação deles no Rock In Rio, essa pessoa precisa se internar com urgência. O show foi a confirmação do que a ZeroZen já sabia há muito tempo: o Oasis não passa de embuste dos mais descarados. Sem peso, nem presença de palco a banda ao vivo é um tédio só, até o Axl Rose faria piada da apatia dos irmãos Gallagher. O Oasis apresentou um showzinho mixuruca que só conseguiu animar a platéia com música mais conhecidas como Wonderwall e Don’t Look back, aquela música que eles chuparam de Imagine do John Lennon. Os caras ainda fizeram uma versão canhestra para Hey, Hey My My de Neil Young, cantada por Noel Gallagher— o irmão mais esperto da família— que passou completamente desapercebida.

Guns’n’Roses – Em todos show da noite podia se ouvir uma parte da platéia pedindo pela banda. Até no show do Oasis o coro dos descontentes se fez ouvir. A expectativa era grande. E com 40 minutos de atraso lá estava Axl "free willy" Rose no palco iniciando os trabalhos com Welcome to The Jungle. Mas o que veio a seguir pode ser descrito melhor como: Welcome to The Axl’s Freak show. Pois nunca se viu por aqui um show tão caótico e bizarro. Acompanhado de uma super banda com três guitarristas— sendo que um usou uma mascara durante todo show(Buckethead)— dois tecladistas, um baixista e um baterista, formada por gente saída de bandas tão distintas como Primus e Nine Inch Nails. Axl proporcionou um show errático, e mesmo tendo o público na mão quase pôs tudo a perder. A banda tocou um repertório basicamente de clássicos, apesar de apresentar de vez em quando algumas músicas novas que foram recebidas com natural frieza e desinteresse. Mas o pior ainda estava por vir: para o encerramento do show Axl trouxe a bateria da Unidos do Viradouro, completamente deslocada, que entrou no palco e ficou lá por alguns minutos que pareceram uma eternidade. Até que eles foram para passarela, para aquela natural chuva de garrafas de plástico, enquanto a banda voltava ao palco para tocar Paradise City. Nisso a bateria da Viradouro ficava encurralada na passarela sem ter para onde ir. Simplesmente genial! Depois quando o show, finalmente, chegou ao fim ainda Axl ainda teve disposição para fazer um discurso pedante acompanhado da empresária brasileira da banda(?!). Um final realmente antológico, pelos motivos errados...

Por fim coube ao guitarrista Robin Finck, que trabalhou com o Nine Inch Nails, o momento mais esdrúxulo da noite: quando ele assumiu os vocais para tocar Sossego de Tim Maia!!!!!!!!!!! Ah! Eu Tô maluco!

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